Subida da inflação já se nota nos custos dos projectos de renováveis

O presidente da EDP diz que já há uma subida dos custos associada ao aumento da inflação, mas não são visíveis atrasos no fornecimento de turbinas eólicas ou painéis solares.

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EDP diz que já se notam "custos extra" nos projectos EPA/TANNEN MAURY

O presidente da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, diz que se vivem tempos “caóticos e incertos em termos de volatilidade de preços” da energia e assume que a subida da inflação tem feito aumentar os custos de desenvolvimento dos projectos de energia renováveis.

Numa conversa com analistas, nesta sexta-feira, o gestor foi questionado sobre impactos da actual crise de matérias-primas e de abastecimento na actividade da EDP.

Stilwell destacou que, para os projectos existentes, a empresa “já tem 90% das compras fechadas e protegidas” em termos de preços.

Contudo, admitiu que, para novos projectos, há custos maiores relacionados com a subida da inflação que a empresa já está a passar para os seus clientes nos contratos de longo prazo de venda de energia.

“Estamos a ver custos extra e a fazer actualizações de dois a quatros dólares por megawatt hora, que os nossos clientes são capazes de absorver”, afirmou.

Por outro lado, Miguel Stilwell de Andrade salientou que a empresa tem notado um “crescimento na procura de contratos multianuais” de abastecimento por clientes que procuram maior estabilidade nos preços.

Sobre atrasos nos fornecimentos, o líder da EDP diz que não há nenhum registo significativo, mas que, a verificar-se, mais facilmente acontecerá do lado dos fabricantes dos painéis solares, “onde há mais incerteza” em matéria de capacidade de produção, ao contrário do que se verifica com as turbinas eólicas.

Evitar reformas em “stress elevado"

E, apesar da turbulência que se vive nos mercados energéticos, Miguel Stilwell de Andrade desaconselha alterações aos mecanismos de formação de preços na Europa. “Não é aconselhável fazer reformas em alturas de stress elevado”, referiu, a propósito de algumas vozes que se têm feito ouvir, a pedir modificações no funcionamento dos mercados grossistas.

“As políticas devem ser pensadas com cuidado”, frisou o presidente da EDP, dizendo que o modelo actual (em que os preços grossistas são definidos a cada hora pelo preço da última tecnologia de produção que entra para satisfazer a procura e que é a mais cara, porque há uma ordenação por preço) “funciona para o despacho de curto prazo”.

O que há a fazer é “dar sinais de preço de longo prazo”, seja em PPA (acordos de compra e venda de energia de longo prazo) ou mecanismos com preços pré-estabelecidos, como os contratos por diferenças ou tarifas administrativas, para ir introduzindo maior racionalidade. “É preferível fazer este tipo de mudanças”, sublinhou o gestor.

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