África
Na COP26, fala-se no fim do carvão. Até lá, muitos sofrem com o seu uso
O recurso ao carvão é o que mais contribui para as alterações climáticas. Mas os danos para a saúde também são visíveis. Na África do Sul, a quinta maior indústria do carvão a nível mundial, mais de cinco mil sul-africanos morrem anualmente devido à fraca qualidade do ar.
“O fim do uso do carvão está à vista”, disse esta quinta-feira o presidente da Cimeira do Clima (COP26), Alok Sharma. A suportar esta declaração estavam compromissos, assumidos por países e entidades financeiras, de porem um fim ao uso do carvão até 2030 (os mais ricos) ou 2040 (os mais pobres) - com a salvaguarda, em ambos os casos, de que pode ser “o mais cedo possível” depois daquelas datas - e também de deixarem de financiar investimentos internacionais de combustíveis fósseis, quando estiverem em causa “projectos ininterruptos do sector energia fóssil” até ao final de 2022.
Entre os subscritores do acordo encontram-se Canadá, Polónia, Coreia do Sul, Ucrânia, Indonésia e Vietname. De fora ficaram algumas das economias mais dependentes do uso do carvão, como a Austrália, a China, a Índia e os Estados Unidos da América.
A África do Sul tem a quinta maior indústria do carvão a nível mundial. Emprega 90 mil mineiros e gera 80% da electricidade do país. Em 2019, alguns cientistas, a pedido do Governo sul-africano, realizaram um estudo sobre o impacto da poluição da crescente indústria de carvão na saúde dos cidadãos. Apesar de a sua publicação ter sido prometida aos cientistas, tal ainda não aconteceu. Mas uma cópia a que a Reuters teve acesso indica que mais de cinco mil sul-africanos morrem anualmente devido à fraca qualidade do ar, e que em quase um quarto dos agregados familiares há crianças com asma persistente.
Juan Pablo Osornio, responsável da Greenpeace, já disse que os compromissos sobre os combustíveis fósseis anunciados esta quinta-feira em Glasgow ficam "muito aquém das ambições para o fim do uso de combustíveis fósseis". "Apesar das manchetes optimistas, as letras pequenas [do compromisso] dão aos países uma grande margem para decidirem o seu próprio ritmo no fim do uso do carvão”, alertou.
O recurso ao carvão é aquilo que mais contribui para as alterações climáticas. E, apesar de ter havido progressos na redução do seu uso, ainda é responsável pela produção de cerca de 37% da electricidade no mundo, segundo os valores de 2019.