Francisco Rodrigues dos Santos: “Tenho legitimidade política e formal para liderar o CDS nas legislativas”

Líder do CDS respondeu a Paulo Portas, remetendo para conselhos nacionais do passado “tumultuosos e com agressões físicas”.

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Francisco Rodrigues dos Santos disse lamentar todas as desfiliações anunciadas mas não mostrou surpresa LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Francisco Rodrigues dos Santos considerou ter legitimidade “política e formal” para ser o líder do CDS a ir às legislativas sem realizar congresso electivo. Em entrevista esta noite à RTP3, o líder dos centristas disse não ser “indiferente” à saída de alguns militantes, mas acrescenta não ter ficado surpreendido.

A argumentação do líder do CDS para adiar o congresso marcado para 27 e 28 deste mês reside na ideia de que a apresentação das listas de deputados terá de ser feita a meses (41 dias antes das legislativas) do fim do seu mandato, que termina no dia 30 de Janeiro. Nesse sentido, mesmo que as legislativas sejam em Fevereiro, Francisco Rodrigues dos Santos considera que não faz sentido interromper o seu mandato de dois anos.

O líder do CDS considerou ter “legitimidade política” por ter presidido ao partido “no pior momento da sua história”, com uma herança de “maus resultados em legislativas e europeias”, uma “dívida de 1,2 milhões de euros” e a concorrência de “dois partidos” no seu espaço. Por outro lado, Rodrigues dos Santos salientou o contributo do partido para a formação do Governo Regional nos Açores, para a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais e ainda o reforço da presença autárquica.

Já a legitimidade formal, o líder do CDS justificou com a sua eleição pelos militantes a 30 de Janeiro de 2020. “Um treinador deixava de fazer o seu trabalho dois ou três meses antes só porque o estavam a criticar internamente?”, questionou.

Quanto à saída de antigos dirigentes como Adolfo Mesquita Nunes ou António Pires de Lima, o líder do CDS disse não ser surpresa. “Não sou indiferente às saídas de militantes, algumas delas estavam pré-anunciadas”, disse, referindo-se a notícias publicadas “há algumas semanas” num semanário. “Ficar para obstaculizar a liderança do CDS, estar constantemente a ridicularizá-la na opinião pública, creio que também não prestam um bom serviço”, comentou. 

No último ano, entraram 900 novos militantes no partido, acrescentou, referindo ainda que, noutros momentos, saíram do CDS antigos fundadores e presidentes. 

Questionado sobre a crítica lançada por Paulo Portas de que o conselho nacional da semana passada parecia uma “associação de estudantes com más práticas”, o líder do CDS disse ter “muita consideração” pelo antigo presidente do partido, mas acrescentou que foram feitas duas afirmações “que não correspondem à realidade”. Com ironia, Rodrigues dos Santos lembrou o conselho de nacional de Óbidos em 2007, em que Paulo Portas contestava então o método eleitoral do partido na liderança de José Ribeiro e Castro, que foi “tumultuoso e com agressões físicas”: “Não sei se se estava referir a práticas anteriores, mas não foi na minha direcção”. Por outro lado, lembrou outras ocasiões, em 2003 e em 2013, quando Portas liderava o partido, e em que os congressos também foram adiados.

A possibilidade de integrar uma coligação liderada pelos sociais-democratas “não foi falada” com o líder do PSD, assegurou o líder centrista, acrescentando que essa é uma das matérias que a direcção do partido “tem de resolver”. 

Relativamente à legalidade do conselho nacional da passada sexta-feira, o líder do CDS assegurou a sua regularidade, lembrando que, em 2013, foi convocado o mesmo órgão, também para adiar um congresso, com 19 horas de antecedência, quando agora essa convocatória foi enviada 24 horas antes.

Rodrigues dos Santos questionou ainda a decisão do conselho nacional de jurisdição de considerar nulo o conselho nacional por não ser fundamentada e por ter na sua composição dois elementos que pertencem a órgãos políticos locais, o que é incompatível com o lugar. Um deles, adiantou, é “advogada do dr. Nuno Melo”. O líder dos centristas disse mesmo ver “vontade política” na decisão deste órgão, que é considerado o tribunal do partido. 

O líder do CDS foi ainda questionado sobre se pretende conversar com Nuno Melo, candidato à liderança do CDS. Assegurando que “ganharia o congresso” caso fosse marcado, Francisco Rodrigues dos Santos disse considerar “imoral e antinacional que o CDS gaste um mês neste clima de guerra autofágico”. Num recado final aos seus críticos internos, o líder do CDS deixou um desafio: “Aquela máxima de Paulo Portas de quem perde respeita, quem ganha integra não foi respeitada desde que eu fui eleito, mas ainda vamos a tempo. Para as legislativas estou disposto a integrar desde que Nuno Melo esteja disposto a respeitar”.

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