Benfica vai aventurar-se na “casa do terror”
Na Allianz Arena, frente ao Bayern de Munique, o Benfica pretende que sejam os alemães a apanharem os “sustos” na própria casa. Esse é, ainda assim, um caminho bem tortuoso de se fazer perante um gigante alemão que há dias goleou no Estádio da Luz.
Em época de Halloween nem o Benfica abdica de entrar no espírito da quadra. Os “encarnados” vão nesta terça-feira a Munique para entrarem naquela que é, por estes dias, uma das principais “casas do terror” no futebol europeu.
Na Allianz Arena, frente ao Bayern, o Benfica pretende, porém, que sejam os alemães a apanharem os “sustos” na própria casa. Esse é, ainda assim, um caminho bem tortuoso – e de muita ambição.
No pior cenário, o Benfica sairá de Munique goleado, algo que nem em Lisboa evitou. Num cenário normal, sairá com uma derrota. Num contexto de extrema competência arrancará um empate e, por fim, fazendo uma exibição de gala, porá em Munique, com um triunfo, uma mão num bilhete para os oitavos-de-final.
Mas nem Jorge Jesus parece crer neste último cenário. Na conferência de imprensa de antevisão da partida, o técnico tratou, logo à partida, de desvalorizar a importância da viagem a Munique nas contas finais, parecendo já algo resignado com um provável cenário negativo – aquele a que poucas equipas escaparam nesta temporada.
“Não é este jogo que nos vai dar o apuramento na fase de grupos. Isso será em Camp Nou [frente ao Barcelona] e na Luz, com o Dínamo de Kiev”, preveniu. E foi mais longe, dando a entender que a preparação deste jogo foi insuficiente: “Se nos preparámos? Na teoria, sim. Vamos ver se na prática temos capacidade para isso. O tempo que temos para preparar os jogadores [houve jogo com o Estoril no sábado] é mais na teoria do que na prática”, apontou.
Pior momento seria difícil
Dificilmente o Benfica poderia ir a Munique em pior momento. Primeiro, e mais importante do que qualquer outro factor, porque vai defrontar o “papão” Bayern fora de casa. E se o Bayern goleou na Luz sem Leon Goretzka e Alphonso Davies, o que poderá fazer com ambos disponíveis?
Depois, ainda sobre os alemães, porque, em 16 jogos, o Bayern venceu com goleada em… nove – mais de metade dos adversários foram para casa de “saco cheio”.
Num terceiro prisma, o Benfica está na “linha vermelha” do ponto de vista físico, com muitos jogos em poucos dias e grande parte deles disputados até ao final – até com prolongamentos ao barulho. Já o Bayern, por outro lado, tem tido jogos resolvidos relativamente cedo – para bem ou para mal –, podendo gerir melhor o plantel.
Depois, porque os “encarnados” estão na pior fase da temporada. As exibições estão cinzentas, até nos triunfos, e os resultados nunca estiveram tão tremidos – mesmo que Jesus diga o contrário, pedindo à imprensa que analise o momento de forma olhando para os 19 jogos do Benfica em 2021/22, incluindo as longínquas partidas de Agosto, e não apenas para os mais recentes.
Por fim, o Benfica enfrenta um desafio mental complicado. Com várias vantagens no marcador a escaparem nos últimos minutos, em mais do que um jogo, os jogadores “encarnados” estão no contexto ideal para começarem a duvidar de si mesmos e terem confiança em falta.
“Emocional e psicologicamente, naquelas primeiras 24 horas o empate [Estoril] deixa-nos completamente… não direi arrasados, mas sentidos, por termos perdido dois pontos. Temos de saber conviver com isto, mas que mexe com a equipa, mexe”, disse Jesus.
Bayern é “humano”
Para compensar tudo isto há um detalhe que pode funcionar a favor do Benfica, assim saiba a equipa portuguesa replicar o que outros fizeram. Até há uns dias, era quase certo que quem se atravesse no caminho do Bayern fosse perder e, muito provavelmente, ser goleado – que o diga o Benfica. Mas tudo isso mudou.
Há menos de uma semana, o Bayern foi derrotado, goleado e eliminado na Taça da Alemanha frente ao Borussia Mönchengladbach. E Jorge Jesus, sem dizer que vai copiar o Borussia e tirar ideias, garante ter estado atento a esse jogo. “Vi esse jogo e percebi como é que o Bayern perdeu por 5-0. O Bayern não é forte em tudo e temos de tentar explorar as saídas rápidas, porque o Bayern defende com poucos jogadores e pode ser surpreendido”.
Afinal, o Bayern pode perder, como os “comuns mortais”. E o treinador, Julian Nagelsmann, apontou isso mesmo na antevisão do jogo.
“Concedemos muitas oportunidades, o nosso guarda-redes faz muitas defesas e só por isso não sofremos muitos golos (...) já lhes disse isto [aos jogadores] muitas vezes. Isso não tem que ver com espaços, tem que ver com intensidade, duelos e a vontade em entrar nos duelos. Temos de fazer mais pressão no adversário”, analisou.