Brasil encurta neutralidade carbónica e compromete-se com desflorestação
Responsável brasileiro divulgou compromisso do país de parar com a desflorestação e acabar com a degradação dos solos até 2030. O país também planeia reduzir 43% das emissões poluentes até ao final da década, mas sem indicar um objectivo específico.
O Brasil vai comprometer-se com a neutralidade carbónica até 2050 e assinar um compromisso sobre o fim da desflorestação, uma significativa alteração face às políticas ambientais do Governo de Jair Bolsonaro, escreve a agência Bloomberg.
As novas metas, incluindo a neutralidade carbónica em 2050, foram avançadas em entrevista telefónica a esta agência de informação financeira pelo secretário para os assuntos políticos multilaterais do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Paulino de Carvalho Neto.
Na entrevista, o responsável disse também que o país se vai comprometer a parar com a desflorestação e acabar com a degradação dos solos até 2030.
O Brasil, sede da floresta Amazónia, mudou a sua perspectiva sobre o clima e está a posicionar-se de forma mais flexível nas negociações que tentam evitar as piores consequências das alterações climáticas, nota a Bloomberg.
Reduzir a desflorestação será fundamental para o Brasil, que também planeia anunciar um aumento no objectivo de reduzir as emissões poluentes para 43% até 2030, mas escusando-se a apontar um objectivo específico.
Na entrevista, o responsável disse também que “há boas hipóteses” de alcançar um acordo relativamente ao mercado global de carbono, conhecido como Artigo 6.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, activistas e decisores públicos são esperados em Glasgow para actualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A 26.ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) é uma reunião de duas semanas considerada crucial para o futuro da humanidade.
Apesar dos compromissos assumidos até agora, as concentrações daqueles gases atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao actual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.