A pandemia continua com “intensidade reduzida” em Portugal, mas a próxima semana será decisiva
Pandemia tem tido impacto reduzido nos serviços de saúde e nos hospitais, mas o relatório das “linhas vermelhas” da DGS e do INSA alerta para a possibilidade de “inversão da tendência” em relação aos internamentos graves. País pode ultrapassar o limiar de 240 casos por 100 mil habitantes a 14 dias “em um a dois meses”.
A actividade epidémica da covid-19 em Portugal continua com “intensidade reduzida”, mas com “tendência crescente a nível nacional”, de acordo com o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” divulgado esta sexta-feira pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
O documenta relata um impacto reduzido da pandemia no país, concretamente nos serviços de saúde e na mortalidade, alertando que é possível uma “inversão da tendência e início de fase de crescimento nos internamentos em UCI [unidades de cuidados intensivos]”. O estudo indica que a próxima semana vai servir para “confirmar" esse cenário de inversão de tendência e início de fase de crescimento com impacto na pressão nos serviços de saúde”.
Nesta altura, 24% do valor crítico definido de 255 camas em cuidados intensivos está ocupado, um ligeiro aumento face à semana anterior (23%). No entanto, essa percentagem tem em conta o registo de internados de quarta-feira, quando estavam 60 doentes nessa condição. Segundo o relatório desta sexta-feira, na quinta-feira estavam 65 internados em UCI, 25% do tecto crítico definido. O relatório nota que “nas últimas semanas este indicador tem vindo a assumir uma tendência crescente”.
A região do Algarve apresenta o maior valor do continente, com 140 casos por 100 mil habitantes, seguida do Centro (125) e de Lisboa e Vale do Tejo (102). O Norte é a região com o registo mais baixo, com 76 casos por 100 mil habitantes.
Por grupo etário, a incidência cumulativa a 14 dias mais elevada é a registada no grupo dos 20 aos 29 anos: 154 casos de covid-19 por 100 mil habitantes. “Há uma tendência globalmente crescente em todos os grupos etários entre os 29 e os 79 anos”, sendo que o grupo de pessoas com 80 ou mais anos também apresenta uma “tendência estável a crescente”, com uma incidência cumulativa de 97 casos por 100 mil habitantes.
Alargando a amostra para maiores de 65 anos, também há uma tendência de aumento, com esta faixa a registar 75 casos por 100 mil habitantes, um valor “inferior ao limiar definido de 120 casos por 100 mil habitantes”.
Também relacionado com o número de casos está o índice de transmissibilidade, o R(t), que actualmente apresenta um valor “igual ou superior a 1” em quase todas as regiões do país, com um registo de 1,08 a nível nacional que indica “uma tendência crescente da incidência de infecções por SARS-CoV-2”. A excepção é novamente o Alentejo, que apresenta uma tendência estável (0,98). Segundo o relatório, caso se mantenha esta taxa de crescimento, o país pode ultrapassar o limiar de 240 casos por 100 mil habitantes a 14 dias “em um a dois meses”.
Relativamente à mortalidade, o indicador apresenta uma tendência “estável a decrescente”, com um valor de 7,6 óbitos por milhão de habitantes a 14 dias que corresponde a uma diminuição de 19% relativamente à semana anterior (9,2 por milhão). O valor continua abaixo do limiar definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) de 20,0 mortes por milhão de habitantes.
Abaixo do limite definido está também a positividade dos testes. De 21 a 27 deste mês, a proporção de testes positivos foi de 2,3%, superior aos 1,6% da semana anterior, mas ainda assim menor que o limiar de 4%.