Costa falha conferência do clima COP26, ambientalistas criticam
Primeiro-ministro ia marcar presença na cimeira de Glasgow e tinha prevista intervenção para dia 1 de Novembro na reunião entre chefes de Estado e de Governo. Associação Zero critica ausência.
O primeiro-ministro, António Costa, não vai estar presente na Cimeira de Líderes Mundiais da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), disse esta sexta-feira à Lusa fonte oficial do gabinete do chefe do Governo.
A COP26 tem início em Glasgow, na Escócia, no domingo, e a cimeira de chefes de Estado e de governo decorre entre 1 e 2 de Novembro. Segundo a agenda da cimeira, a intervenção de António Costa estava prevista para o primeiro dia, da parte da tarde.
A partir de 8 de Novembro, está prevista a participação na COP26 do ministro do Ambiente e da Acção Climática, João Pedro Matos Fernandes.
A cimeira, que decorre até 12 de Novembro, começa no domingo com reuniões plenárias preliminares que juntarão os representantes dos países signatários da Convenção, do Protocolo de Quioto e do Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa.
A cerimónia oficial de abertura realiza-se na segunda-feira, com o primeiro-ministro do Reino Unido, país anfitrião, juntamente com a Itália, com “momentos criativos e culturais”, de acordo com a organização. Começará depois a cimeira de chefes de Estado e de Governo, que até terça-feira farão intervenções dando conta dos seus compromissos e ambições renovadas para dar corpo ao Acordo de Paris e limitar o aquecimento global até ao final do século.
Zero critica ausência: papel de Portugal “justificava uma participação presencial"
A organização não-governamental ambientalista Zero, em comunicado, “lamenta a decisão conhecida hoje ao final da tarde”, que leva a que António Costa não esteja presente na COP26.
A Zero contrapôs esta ausência ao “papel de Portugal e do próprio primeiro-ministro, que sempre elegeu, e bem, a relevância das alterações climáticas e da descarbonização”, o que, avançou a ONG, “justificava uma participação presencial”.
Insistindo no ponto, a Zero admitiu que a ausência de Costa em Glasgow é “compreensível face à situação que o país atravessa”, mas realçou que “este é um momento decisivo para a luta contra as alterações climáticas, na qual Portugal tem demonstrado um papel activo e deve assumir uma liderança forte e ambiciosa ao nível da União Europeia”, mais a mais, insistiu, quando está em causa “a imagem, reputação e credibilidade das políticas desenvolvidas em nome do país”.
Aliás, a Zero lembrou que a primeira participação oficial internacional de António Costa “teve lugar precisamente na COP21, aquando da aprovação do Acordo de Paris”.
Por outo lado, reconheceu que “o tema das alterações climáticas e da descarbonização tem sido uma das grandes prioridades” de António Costa, e que, agora, “merecia quer visibilidade, quer a possibilidade de discussão do percurso e perspectivas do país com outros líderes, independentemente do futuro mais próximo do governo”.