Rui Rio: “Não é minimamente aceitável” que Marcelo tenha recebido Rangel para discutir eleições
O líder social-democrata reafirmou ainda que toda a bancada do PSD votará contra o OE2022, incluindo os três deputados do PSD-Madeira.
Para o líder do PSD, o encontro entre o Presidente da República e o candidato à liderança dos sociais-democratas, Paulo Rangel, no momento em que se debate a possibilidade de chumbo do Orçamento do Estado de 2022 para alegadamente discutir a data das eleições legislativas, não só é “estranho” como “não é minimamente aceitável” e "condiciona o país às directas do PSD”.
Rui Rio – que diz não ter sido ainda contactado pelo Presidente da República – discordou “frontalmente” da opção de Marcelo Rebelo de Sousa ter recebido Paulo Rangel nesta fase do processo. "Se o Presidente da República até ouve primeiro um candidato a um partido antes de ouvir os líderes dos próprios partidos...”, condenou antes de criticar a opção de Marcelo.
“Não é minimamente aceitável que o chefe de Estado receba e possa combinar uma coisa dessas [a data das eleições legislativas] com o líder da oposição interna”, considerou o líder social-democrata.
“Ainda por cima, as directas do PSD tiveram um presidente – que sou eu – que explicou devidamente ao conselho nacional que isto podia acontecer com alto grau de probabilidade. Não quiseram ouvir e quiseram impor aquilo que tacticamente lhes parecia dar mais jeito”, acusou.
Rui Rio comentava o encontro entre o Presidente da República e o candidato à liderança do PSD, Paulo Rangel, que de acordo com uma nota divulgada pela Presidência terá decorrido a pedido do eurodeputado social-democrata.
O líder do PSD – que soube do encontro entre Paulo Rangel e Marcelo Rebelo de Sousa pelos jornalistas – criticou a audiência dada a Paulo Rangel, notando com ironia que Rangel ainda nem sequer é candidato oficial, uma vez que ainda nenhum dos dois entregou as assinaturas necessárias para oficializar a candidatura. “Acho muito estranho que o Presidente da República receba um putativo candidato à liderança de um partido”, afirmou.
Questionado se vai pedir alguma audiência ao Presidente da República como candidato à liderança do PSD, Rio respondeu que não, acrescentando que espera ser chamado "rapidamente” como presidente do partido, caso se confirme o cenário de “chumbo” do Orçamento e eventual dissolução do Parlamento. Sem querer falar da data das legislativas, Rio defendeu que se devem realizar o mais depressa possível, admitindo que se possam atrasar um pouco para não coincidirem com o período de Natal e Ano Novo. “Outra coisa é empurrar, empurrar, empurrar, não por nada de nada de especial, mas por qualquer coisa inventada para interferir – talvez interferir não seja a palavra adequada – para condicionar o futuro do país”, declarou.
Parafraseando Sá Carneiro, Rui Rio afirmou que primeiro “está o país, depois o partido” e só depois ele próprio. “Na marcação de legislativas antecipadas, o que comanda a minha acção é o que é melhor para o país e não o que é melhor para o PSD, quem não gosta que, nas eleições directas, vote contra” si, aconselhou.
Rio diz que PSD-Madeira irá votar contra
O líder do PSD reafirmou ainda que os três deputados do PSD-Madeira irão votar contra o Orçamento do Estado 2022, afastando a hipótese de os sociais-democratas contribuírem para a viabilização do OE2022. “O PSD decidiu, através da sua comissão política nacional, votar contra o OE. A comissão política regional da Madeira também decidiu exactamente a mesma coisa, em consonância com a comissão política nacional”, declarou aos jornalistas, nos corredores da Assembleia da República, enquanto decorria a segunda parte do debate orçamental.
“Nós temos 79 deputados e os 79 deputados em obediência das directrizes da comissão nacional – a quem compete definir em muitas circunstâncias – decidiram votar contra há muito tempo. E é assim”, simplificou.
A incerteza em torno do sentido de voto dos deputados madeirenses surgiu depois de Miguel Albuquerque, o líder dos sociais-democratas madeirenses, dizer que não fecha a porta a uma negociação com Lisboa, admitindo mesmo viabilizar o Orçamento.