No labirinto berlinense de Weimar
Fabian vê-se como um passeio num theme park dedicado aos últimos anos de Weimar, e isso tem um efeito fascinante, quase hipnótico.
Por alguma razão que nem deve ser muito difícil de adivinhar, o caos dos anos finais da República de Weimar anda em foco no cinema alemão. O ano passado, sem estreia em Portugal, houve um remake (ou uma nova adaptação) de Berlin Alexanderplatz (realizada por Burhan Qurbani), e outro clássico literário desses tempos, e sobre esses tempos, fornece a raiz narrativa de Fabian: o romance homónimo, largamente autobiográfico, de Erich Kastner, publicado originalmente em 1933, quatro anos depois do de Alfred Döblin. O filme de Dominik Graf, realizador nascido em 1952, e um dos veteranos do cinema alemão actual mais desconhecidos em Portugal (Fabian será apenas o seu segundo filme comercialmente estreado no nosso país), é um retrato vibrante dos últimos anos de Weimar, capaz de traduzir, com um vigor que a espaços pede meças ao de Fassbinder (porque a sua versão de Alexanderplatz vem muitas vezes ao espírito do espectador de Fabian), a confusão e o descalabro, o desespero e a euforia, daqueles anos.
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