Um filme fal(h)ado
Mia Hansen-Løve deixou-se perder pelas brumas da presença esmagadora de Bergman, e o resultado é um filme inacabado, inconvicto.
Desconfiamos que não era o que Mia Hansen-Løve queria originalmente fazer, mas A Ilha de Bergman é a melhor explicação da sombra que Ingmar Bergman lança sobre todo o cinema de autor contemporâneo: uma presença de tal forma imponente que tudo empalidece ao seu lado. Ainda por cima, a cineasta francesa invoca literalmente a presença do mestre sueco: o seu filme decorre inteiramente em Fårö, a ilha que o realizador adoptou como lar, e encena a visita de um casal de cineastas que aproveitam a estadia para trabalhar nos seus novos guiões. E, conhecendo a dimensão autobiográfica de muito do cinema da realizadora, é difícil não ver por trás de Chris e Tony (Vicky Krieps e Tim Roth) a própria Hansen-Løve e Olivier Assayas, seu ex-companheiro. É igualmente difícil não questionar quanto de seu existe nesta história de uma mulher que procura o seu próprio caminho por entre as figuras masculinas que a rodeiam e, de certo modo, a intimidam.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.