Talvez as consequências da crise climática pareçam ainda distantes, exageradas. Será que a nossa percepção mudaria se víssemos as ruas que mais atravessamos engolidas por uma nuvem de poluição, de tons alaranjados por causa do fumo de um incêndio, ou inundadas pelas cheias?
Um grupo de investigadores coordenados por Yoshua Bengio, especialista em inteligência artificial, desenvolveu um mapa interactivo que permite a qualquer um de nós simular os efeitos extremos das alterações climáticas nas mais famosas praças do mundo ou nas ruas das nossas casas.
O Mila – Quebec Al Institute quer ajudar a sensibilizar a população para os desastres naturais que podem afectar-nos num futuro cada vez menos distante. A experiência criada pelos investigadores deste instituto permite ver os efeitos das cheias, incêndios ou poluição atmosférica em cidades de todo o mundo.
O nome This Climate Does Not Exist (em português, este clima não existe) foi inspirado na tendência de usar a inteligência artificial para criar imagens realistas de coisas que, na verdade, não existem, como gatos, rostos, automóveis ou cidades. Também o projecto do Quebec Al Institute simula um impacto das alterações climáticas que, mesmo não sendo tão evidente nas nossas cidades, já afecta populações em todo o mundo.
Nesta simulação, o utilizador pode ir até qualquer ponto reconhecido pelo Google Street View e optar entre diferentes desastres naturais: cheias, incêndios ou nuvens de poluição atmosférica. Em poucos segundos, viajamos no tempo e a morada escolhida transforma-se no pior cenário que podemos hoje imaginar.
Antes de ver as consequências da catástrofe natural, o utilizador é também informado sobre as causas e consequências do fenómeno escolhido e a sua relação com a crise climática. Sobre os incêndios, por exemplo, sabemos que quase metade da floresta da Amazónia corre o risco de se tornar uma savana. E que, em 2020, a Califórnia registou o maior número de incêndios de sempre: mais de 20 mil.
E o que fazer quanto a uma iminente emergência climática? Sensibilizar amigos, família ou colegas de trabalho; exigir uma tomada de acção pelo poder central e local; criar hábitos de consumo mais verdes, como comprar em segunda mão ou viajar menos de carro; e ler, muito, sobre a crise climática, enumeram. Os investigadores do projecto This Climate Does Not Exist disponibilizam a lista de fontes a que recorreram para que todos a possam consultar.