Alterações climáticas
Artistas pelo clima ilustram a “positividade” para gerar mudança
Não serão estas as primeiras imagens que lhes vêm à cabeça quando pensam em crise climática. Mas os artistas pelo clima tinham uma missão: “mostrar que a positividade também tem o seu impacto”.
Com o aumento da frequência e da intensidade das catástrofes naturais, potenciadas pelas alterações climáticas, a destruição é visível — e muito fotografada. Aqui, as ilustrações têm cores, são quase inocentes e mostram um mundo de mãos dadas (literalmente). “As duas imagens são válidas e são as duas necessárias. Uma tem o impacto de uma chapada branca, a outra traz o conforto de alguém achar que conseguimos. Adoro a ideia de que positividade tem um impacto nas pessoas”, diz ao P3 Laura Andrade, um das finalistas da Colecção Clima, criada pela plataforma Fine Acts em colaboração com a plataforma Ted Countdown.
A ilustradora madeirense pôs o planeta no ginásio, a arfar, motivado por uma frase optimista que, por vezes, é tudo o que precisamos de ouvir: “Nós conseguimos!”. “Não quis escolher nenhum tema em específico porque há muita coisa que temos de mudar”, comenta.
É um dos trabalhos finalistas da chamada aberta para construir uma colecção publicada online sob uma licença aberta Creative Commons e que fica disponível para activistas, organizações sem fins lucrativos e estudantes usarem como “inspiração para a acção climática”.
Na biblioteca visual de 50 trabalhos seleccionados entra uma artista portuguesa, Joana Ribeiro, mais conhecida como Joana Mundana. It's on us é o nome da obra que mostra pessoas a cuidarem de árvores plantadas nas chaminés que antes libertavam gases poluentes para a atmosfera. “É mais agradável pensar no que podemos mudar do que contemplar o mal que fizemos até aqui”, diz a ilustradora que vê muito valor na colecção de “coisas pequeninas que conseguem fazer a diferença”. “Os artistas têm sempre tendência a mostrar as imagens chocantes. Achei uma visão muito inspiradora esta premissa ao contrário, de focar na diferença que podemos fazer.”
Joana Campinas é a outra ilustradora portuguesa a ter dois trabalhos na lista de 46 finalistas do projecto que recebeu 2222 submissões de artistas de 95 países. A jovem de 22 anos de Olhão escolheu retratar o tema da caça, de armas no chão e bandeira branca hasteada, e uma “troca sustentável simples”: as escovas de dentes de bambu em vez das escovas de plástico.
O concurso, que “incentiva ao máximo a passar boas mensagens”, diz Joana, foi uma boa forma de organizar ideias sobre um tema em que “pensa constantemente” e que “preocupa imenso as pessoas mais novas”. Por agora, chegou a uma conclusão: “Percebi que o meu objectivo é tentar sensibilizar as pessoas ao máximo e enquanto pessoa tentar fazer o máximo que puder.”