A Lego vai mudar para romper estereótipos de género
As raparigas estão mais confiantes para diversificar brincadeiras e interesses, mas são as mais limitadas pelos estereótipos de género. No Dia Internacional da Rapariga, assinalado a 11 de Outubro, a Lego promete trabalhar para remover as normas associadas aos papéis de género nos seus brinquedos.
A Lego anunciou, no Dia das Raparigas, assinalado a 11 de Outubro, que vai trabalhar para remover os estereótipos de género dos seus brinquedos. Um estudo que a empresa financiou concluiu que as raparigas estão com cada vez maior confiança para diversificar brincadeiras e interesses, mas são as mais limitadas pelos ideais de género na sociedade. O mesmo não acontece com os rapazes.
“As conclusões do estudo mostram que as raparigas estão prontas para o mundo, a sociedade é que ainda não está preparada para apoiar o seu crescimento”, afirma a Lego. Para os rapazes, a separação dos papéis de género que distinguem homens e mulheres é ainda vincada: 82% das raparigas acham que é aceitável as meninas jogarem futebol e os meninos dançarem ballet, mas apenas 71% dos rapazes concordam com elas.
Quanto aos pais, independentemente de serem pais de rapazes ou de raparigas, pensam que é seis vezes mais provável que cientistas e atletas sejam homens do que mulheres, e oito vezes mais provável que engenheiros sejam homens. Esta percepção é partilhada pelos seus filhos, mas há algo a sublinhar: as raparigas consideram um maior número de ocupações tão adequadas para mulheres como para homens.
A tendência entre os pais é encorajar as raparigas a dançar, a brincar com mudas de roupa ou com cozinha e pastelaria, enquanto os rapazes são incentivados a praticar desporto ou jogar videojogos. Ao mesmo tempo, são os rapazes que têm mais vergonha de entrar em brincadeiras habitualmente associadas ao género oposto.
“Os brinquedos da Lego ainda são considerados mais apropriados para rapazes do que para raparigas, sendo que 59% dos pais dizem que encorajam os seus filhos a fazer construções com peças de Lego, e apenas 48% afirmam fazer o mesmo com as suas filhas”, escreve a Lego, em comunicado. “Queremos garantir que todas as crianças, independentemente da sua identidade de género, se sentem capazes de construir tudo o que queiram e podem brincar de forma a desenvolver e descobrir os seus talentos.”
Este estudo foi feito pelos investigadores do Geena Davis Institute on Gender in Media, na Califórnia, a propósito do Dia Internacional da Rapariga e para assinalar o lançamento de uma nova campanha da Lego: Ready for Girls (na campanha em português: As raparigas estão preparadas), que “celebra as raparigas que reconstroem o mundo através da criatividade na resolução de problemas”.
Foram entrevistados cerca de sete mil pais e filhos, entre os 6 e os 14 anos, em sete países, para compreender como é que se podem transformar acções e palavras para promover a autonomia e criatividade de todas as crianças. “É fundamental promover brincadeiras mais inclusivas e estimular o debate em torno dos papéis de género, não só para as raparigas, mas para qualquer criança.”
Mas há um elefante na sala. Sem qualquer menção ficam colecções como a Lego Friends, desenhada especificamente para agradar a raparigas: bonecas com vários penteados, salões de cabeleireiro, pequenas cozinhas e muito, muito, cor-de-rosa. Todos os elementos de uma visão estereotipada que a marca agora critica.
Há uma década a Lego já era criticada por esta colecção, que levou à criação de petições com dezenas de milhar de assinaturas, sob o lema “Lego é para todos nós!”, para que acabassem com a distinção entre brinquedos de rapariga e de rapaz. Dez anos depois é notório o contraste entre a história da Lego e o comunicado que agora lança.