7 dias, 7 fugas: da serra ao castelo, a petiscar por entre os artistas
Vamos Petiscando em Penafiel e soltando A Gula por torricado na Azambuja. Lisboa está cheia de cestos, Guimarães anda numa Ronda das Artes e o CineEco projecta-se em Seia. São João da Madeira expõe extravagâncias para pés e cabeças, enquanto uma oliveira inspira Encontros de Alvito.
Sábado, 9: ambiente serrano e o mundo na tela
No coração da Serra da Estrela, seguimos a jornada de uma adolescente sueca, desde uma greve escolar até uma ultramediática travessia do Atlântico. E ficamos a conhecer um casal que descobre que o filho anda a vender bens da família para financiar um “vício” secreto: um projecto ecológico. I Am Greta Thunberg, de Nathan Grossman, e La Croisade, de Louis Garrel, estão em destaque no 27.º CineEco - Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, onde são exibidos em antestreia nacional. A tela instala-se na Casa Municipal da Cultura de Seia a partir deste sábado, para ali ficar até 16 de Outubro, com quase uma centena de obras em cartaz, vindas de mais de 20 países. Sobressaem também Curtir a Pele, rodado por Inês Gil numa fábrica de curtumes da Beira Alta; Arica, de Lars Edman e William Johansson Kalén, em torno do “colonialismo tóxico”; Mar Infinito, de Carlos Amaral, uma aventura (quase) espacial; e o Lago Sagrado, em que Carla Varanda segue o trabalho do fotógrafo Mário Lisboa no lago Baikal, na Sibéria. Cinco ecotalks (com transmissão online), uma palestra, duas exposições e um concerto dos Anaquim formam o programa paralelo.
Domingo, 10: a rondar “o embrião da criação”
Guimarães vai “colocar a descoberto os espaços onde os artistas trabalham”, cortesia de uma Ronda das Artes em que “o público conhece o embrião da criação”. Serão quatro domingos a peregrinar por ateliês, estúdios e outros bastidores, com músicos, pintores e outros artistas como anfitriões. No total, estarão 15 espaços de portas abertas, anuncia a organização, “desde o fabricador de tintas de Moreira de Cónegos ao estúdio que não deixou os músicos parados durante a pandemia, com as Clav Sessions”. A primeira ronda, marcada para 10 de Outubro, dirige-se, precisamente, à D'arte Cor e ao CLAV - Centro e Laboratório Artístico de Vermil, mas também ao ateliê de Rafael Oliveira e à associação cultural Astronauta. Nos domingos seguintes (17, 24 e 31 de Outubro), as visitas vão do Centro Cultural Vila Flor ao ateliê de Pedro Bastos, passando pelo “esconderijo” da produtora de cinema Bando à Parte, entre muitos outros sítios. Cada ronda começa às 15h e promete comes e bebes no final. Promovida pela Comunidade Artística Vimaranense e pela Astronauta, a iniciativa tem lugar para 20 pessoas de cada vez, com bilhetes a 10€ e reserva obrigatória (através do e-mail cavassociacao@gmail.com ou do número 918488842). Mais informações aqui.
Segunda, 11: sapatos de se lhes tirar o chapéu
A 11 de Outubro celebra-se o Dia do Município em São João da Madeira e, a esse pretexto, dois museus abrem portas, excepcionalmente, numa segunda-feira, para inaugurar duas exposições enraizadas nos créditos industriais da terra, mas desenhadas pela extravagância – no âmbito do ciclo Memória e Criatividade. Às 15h, o Museu da Chapelaria acolhe uma colecção de chapéus do designer italiano Francesco Ballestrazzi, intitulada Não É Só Um Conto de Fadas e situada, segundo a nota de imprensa, numa “ténue linha entre a dimensão do sonho e da realidade”. Uma hora depois, é a vez de o Museu do Calçado se entreter com as mais de cem peças d’O Acto de Caminhar segundo Marloes ten Bhömer, criadora holandesa que imprime o seu cunho artístico através de experiências com novas tecnologias aplicadas aos sapatos. Ambos mostram aqui, pela primeira vez em Portugal, o seu trabalho. As exposições ficam patentes de terça a domingo, das 10h às 12h30 e das 14h às 17h30, com bilhetes a 2€ para um museu ou a 3€ para os dois.
Terça, 12: A Gula à mesa com torricado
Seja com bacalhau, polvo ou coelho assado, seja em piza ou bolo do caco, o torricado comanda A Gula – nome de uma rota gastronómica que, durante todo o mês de Outubro, leva a 20 restaurantes do concelho da Azambuja esse manjar rústico tão típico da marmita dos campinos ribatejanos. Entre as várias declinações servidas – umas mais fiéis à tradição, outras mais aventureiras –, bebe-se um copo cheio de um vinho da região, sugerido por cada casa para harmonizar com a degustação. Promovida pela autarquia, A Gula não pretende apenas satisfazer o apetite dos comensais com o prato-bandeira da zona; o objectivo é apoiar “os estabelecimentos aderentes na valorização da gastronomia do concelho e na dinamização da economia local”. As ementas podem ser consultadas aqui.
Quarta, 13: (mais do que) Um Cesto de Cestos à beira-Tejo
“Cesteiro que faz um cesto faz um cento, se lhe derem verga e tempo”, reza a sabedoria proverbial. É ao saber popular que esta exposição vai buscar o título e o conteúdo. Um Cesto de Cestos resulta da união das colecções de duas instituições situadas em Belém (Lisboa): o Museu de Arte Popular (onde está patente) e o Museu Nacional de Etnologia. Resultado: não uma centena, mas quase duas centenas e meia de peças. Produzidas entre as décadas de 1940 e 70, permitem observar “o passado recente das técnicas de cestaria em Portugal”, sublinha a folha de sala, e a “diversidade de matérias-primas e de técnicas de confecção que os mesmos evidenciam”. Ao mesmo tempo, incorpora “interpelações sobre o futuro e a sensibilização para a importância da preservação dos saberes-fazer tradicionais”, tendo em conta o risco de desaparecerem juntamente com os últimos mestres artesãos. Não há só cestaria para apreciar: fotografias, desenhos, filmes e documentos de ambos os museus também se entrelaçam na exposição, com curadoria de Astrid Suzano e Fatima Durkee. Inaugurada a 10 de Setembro, pode ser visitada de quarta a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h. A entrada custa 5€, sendo gratuita até aos 12 anos.
Quinta, 14: petiscando e ganhando
Desde o início do mês que se vai Petiscando em Penafiel, num roteiro gastronómico em que a prova conduz a um sorteio. Até dia 24, cada um dos 20 estabelecimentos participantes sugere um petisco para a ocasião. Tanto vale apostar na tradição – com uma boa fêvera em vinha d’alho, uns rojões ou um pão com chouriço – como temperar a proposta com a criatividade, seja num “octo-dog” (isso mesmo, um cachorro com polvo no lugar da salsicha) ou num hambúrguer artesanal com o cognome de “O Chavalo”. Cada petiscadela dá direito a colocar um selo no passaporte da rota. Reunindo dez, o portador pode habilitar-se a prémios: crédito para regressar a um dos estabelecimentos ou um fim-de-semana no Douro, para duas pessoas. O valor de cada petisco nunca ultrapassa os 5€. Já o número de passaportes para concorrer é ilimitado. Também os restaurantes serão premiados, por um júri que vai petiscando e elegendo os melhores do cardápio.
Sexta, 15: à sombra de uma oliveira
À beira da Oliveira dos Namorados, uma declaração de amor em forma de instalação sonora. Na Praça da República, uma E-nxada de novo circo pela Erva Daninha. Na Casa do Cante, uma oficina para aprender a entoar o canto da terra. No pátio do castelo, concertos de Benjamim e Braima Galissá. Actuações de DJ em locais-surpresa. E também um peddy paper, uma caminhada, uma aula de ioga, a apresentação de um vinho, baile, cinema e muitas conversas, entre outras actividades. É com este fôlego que nascem os Encontros de Alvito, com “edição zero” marcada para 15 e 16 de Outubro. Tendo como “inspiração e guardiã” a milenar oliveira e como promotor o Clube da Natureza da vila, o festival chegou para “conectar o Baixo Alentejo ao mundo”. O programa detalhado e as instruções para reservar lugar estão disponíveis aqui.