Será que nuvens artificiais podem ajudar a Grande Barreira de Coral na Austrália?
Projecto Cloud Brightening quer ajuda a proteger o maior ecossistema de recife de coral no mundo.
Para abrandar a velocidade com que as elevadas temperaturas e as águas quentes estão a branquear os corais da Grande Barreira de Coral, cientistas na Austrália estão a pulverizar gotas de água do oceano no céu para que se formem nuvens que possam proteger este tesouro ambiental.
Os investigadores do projecto Cloud Brightening dizem que estão a usar uma turbina com um spray de partículas microscópicas de água do mar para engrossar as nuvens existentes e reduzir a luz do sol no maior ecossistema de recife de coral no mundo, que está localizado na costa Nordeste da Austrália.
O que acontece? As gotas de água evaporam deixando apenas pequenos cristais de sal que flutuam na atmosfera, permitindo ao vapor de água condensar à volta deles, formando nuvens, esclareceu Daniel Harrison, investigador da Universidade Southern Cross, na Austrália, que participa no projecto. “Se fizermos isto durante um período de tempo de poucas semanas a alguns meses, quando os corais tiverem que enfrentar ondas de calor marinhas, a temperatura da água no recife pod começar a baixar”, explicou.
O projecto teve o seu segundo teste em Março, no final do Verão no hemisfério Sul e quando o Nordeste do recife na Austrália tem de lidar com as temperaturas mais altas. Nessa altura, recolheram-se dados da atmosfera de quando os corais estão mais em risco de branqueamento.
Uma combinação entre a luz e o aquecimento da água tem causado o branqueamento dos corais. Ao se cortar com a luz no recife cerca de 6% no Verão, “o stress no branqueamento” poderá ter uma diminuição entre 50% e 60% neste ecossistema, indica Daniel Harrison.
Contudo, os benefícios do aumento do brilho das nuvens poderão ser menos do que os esperados ao longo do tempo, a menos que outras medidas desacelerem o efeito das alterações climáticas. “Se fizermos algo realmente consistente nas alterações climáticas [como a redução das emissões de gases com efeito de estufa], os modelos mostram que o aumento do brilho nas nuvens é suficiente para parar o declínio nos recifes”, nota Daniel Harrison.
A Grande Barreira de Coral da Austrália é uma das grandes atracções naturais do país e esteve perto de ser designada com o estatuto “em perigo” pelas Nações Unidas. Contudo, isso não aconteceu devido ao lobbying na Austrália.