A série The Morning Show passa do #MeToo para a covid e a “cancel culture

Série de Jennifer Aniston e Reese Witherspoon foi o trunfo do lançamento da Apple TV+ em 2019. No dia 17 estreou-se a segunda temporada, em que com Steve Carrell tentam perceber se alguém pode regressar depois de ter sido “cancelado” por um escândalo.

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Aniston, Crudup e Witherspoon em "The Morning Show" Apple
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As protagonistas no evento de apresentação da série, em Los Angeles Eric Charbonneau/Cortesia Apple
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Hasan Minhaj e Witherspoon na série Apple

The Morning Show, a série da Apple TV+ que na primeira temporada enfrentou o tema do movimento #MeToo através de um programa de notícias da manhã ficcional e seus problemas de assédio, regressou na sexta-feira 17 e explora novos temas, do racismo à homofobia passando pelas dependências e pela chamada “cancel culture — quando se propõe que o trabalho ou os indivíduos vistos como culpados de discriminação ou assédio, por exemplo, sejam “cancelados” e que os seus contributos sejam eliminados de plataformas de media, em certos casos, ou que lhes seja negado protagonismo.

A pandemia da covid-19 fez com que os criadores da série repensassem a história da segunda temporada (a estreia de novos capítulos será semanal). O surgimento do novo coronavírus tornou-se um tema central, bem como outras preocupações do mundo real.

Tendo como protagonistas Jennifer Aniston e Reese Witherspoon, The Morning Show observa a vida dos trabalhadores de uma estação de televisão de Nova Iorque que é abalada pela má conduta de um dos seus pivots e pelo encobrimento do seu comportamento por parte dos responsáveis da emissora. Os novos episódios começam imediatamente depois de as pivots Bradley (Witherspoon) e Alex (Aniston) terem denunciado o comportamento da empresa em directo na TV.

Alex é agora uma heroína feminista, ainda que relutantemente, e faz uma pausa no trabalho para reflectir e ponderar a sua conduta, disse Aniston à Reuters. Mas é difícil recompor-se. “Não sou tão desequilibrada quanto a Alex, de forma alguma”, diz Aniston sobre a sua personagem. “Mas conheci muitas Alex na minha vida e lembro-me de as ver e de pensar ‘nunca deixem que me transforme nela’.”

Alex analisa a sua relação com Mitch (Steve Carell), o seu antigo colega de emissão que se demitiu depois de ter maltratado as mulheres no seu local de trabalho e que agora está a tentar perceber se pode reconstruir a sua vida. Aniston diz que os argumentistas da série escreveram conversas ricas e cheias de nuance sobre temas complexos como se alguém pode regressar depois de ter sido “cancelado” por um escândalo. “Eles dirigem-se mesmo às zonas cinzentas do tema. Permitem às personagens dizer coisas que só são ditas à porta fechada e que nunca se atreveriam a dizer em voz alta. E penso que isso leva a conversas muito boas.”

Já Bradley dá por si a conduzir a emissão da manhã, mas as audiências estão em queda e ela está a tentar encontrar o seu verdadeiro eu. “Ela não sabe onde se encaixa”, diz Witherspoon. “O trabalho define-a? A sua educação define-a? É bastante fixe ter uma mulher de 40 anos a protagonizar uma viagem de auto-descoberta deste tipo.”

Reese Witherspoon é uma voz conhecida na defesa da igualdade de género e foi membro consultivo do grupo Time's Up, fundado para combater o assédio sexual no local de trabalho. A presidente do Time's Up e os membros da sua direcção demitiram-se recentemente após ter sido conhecida a sua ligação a políticos e empresas, tendo o seu grupo consultivo sido desconvocado. Witherspoon diz-se “verdadeiramente encorajada” por terem sido tomadas medidas para que surja uma nova direcção que possa “continuar a fazer crescer e a fortalecer a organização”.

“O mais importante é que o Time's Up tem uma missão incrível, criar igualdade e romper com sistemas que criaram discriminação e assédio”, diz. “É imperativo que continue porque as mulheres ainda enfrentam estes problemas todos os dias.”

A nova temporada da série terá dez episódios e conta ainda com Julianna Margulies, Billy Crudup, Hasan Minhaj ou Mark Duplass no elenco.