A Internet amnistiou Xi Jinping, mas Jan Martens é contra
A caminho de se estabelecer como um dos grandes da dança europeia, o coreógrafo belga regressa ao Teatro Municipal do Porto para mostrar any attempt will end in crushed bodies and shattered bones, o maior e o mais político dos seus trabalhos. Eis um slogan digno de alavancar a primeira temporada do resto das nossas vidas: mudar o mundo, um palco de cada vez.
Outubro de 2019. No país plano onde pelo menos formalmente bate, cada vez mais velhinho, o coração da Europa, um coreógrafo de 37 anos prossegue a sua pesquisa para uma nova criação, inspirada nos tópicos da resistência e da rebelião, enquanto do outro lado do mundo, perante o levantamento pró-democracia em Hong Kong, o líder da nação mais populosa do planeta profere uma frase assassina – que muito naturalmente, como triliões de outras frases assassinas diariamente publicadas por essa Internet fora, acabará por descansar em paz, após uma vida curta e igualmente plana, sem sobressaltos de maior, nem sequer o presumível pequeno raspanete diplomático capaz de salvar in extremis a face da metade dita civilizada.
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