Os jardins do Palácio do Catete, o antigo palácio presidencial no Rio de Janeiro, são agora um palco para velhos cantores amadores, “seresteiros”, darem largas às suas paixões musicais. Foi neste jardim que Sérgio Tréfaut, de regresso ao documentário depois de Treblinka e de Raiva, encontrou um Paraíso. Em parte, é o paraíso das memórias pessoais, como a legenda inicial, mencionando o tempo em que o realizador viveu no Rio, menciona. Em parte, é um paraíso, sem nenhuma ambiguidade, como um pedacinho de espaço arrancado à grande metrópole, com ritmos e tempos muito próprios e aonde aquelas pessoas vão inventar uma espécie de liberdade. E, em parte, é um paraíso em sentido melancolicamente irónico, pelo seu carácter excepcional no caos carioca, pela situação política, e pela ameaça (ainda desconhecida dos intervenientes) da pandemia de covid (a rodagem de Paraíso terminou no princípio de 2020, portanto ao cabo de um ano e tal de Bolsonaro e escassas semanas antes da explosão do “novo coronavírus”).
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