Reviravoltas em Anfield, chuva de golos em Manchester
Paris Saint-Germain, com um trio de luxo no ataque, não foi além de um empate diante do Club Brugge, no arranque da fase de grupos da Liga dos Campeões.
Nove golos num jogo da Liga dos Campeões não é propriamente vulgar. E ainda menos com duas equipas de alto calibre em campo, como é o caso do Manchester City e do RB Leipzig. O 6-3 registado em Inglaterra foi um dos resultados surpreendentes da jornada inaugural da Liga dos Campeões 2021-22, mas não o único. Em Anfield Road, houve reviravolta e cinco golos no Liverpool-AC Milan, na Bélgica houve empate no Club Brugge-PSG e em Tiraspol houve lugar a um triunfo histórico.
A forma como o encontro começou no Etihad Stadium deixava antever uma noite aparentemente tranquila para o City, que aos 28’ já ganhava por 2-0. Mas Christopher Nkunku estava em campo e seria uma permanente dor de cabeça para os “citizens”. O médio ofensivo francês reduziu aos 42’ e voltaria a marcar aos 51’ e aos 73’, mas o hat-trick seria insuficiente para travar o ascendente dos ingleses, que ao intervalo ganhavam por 3-1 e aceleraram após o 3-2.
Jack Grealish, João Cancelo e Gabriel Jesus fecharam as contas na segunda parte, depois de Ake, Mukiele (autogolo) e Mahrez (de penálti) terem colocado a equipa de Pep Guardiola no caminho certo.
Um caminho que levou o City à liderança do Grupo A, aproveitando o empate do PSG no terreno do Club Brugge (1-1). Mesmo com o tridente Neymar, Mbappé e Messi no ataque, os parisienses somaram nove remates (contra 16 dos belgas) e só um, de Ander Herrera, deu golo, mas o médio Hans Vanaken também acertou na baliza francesa e o 1-1 que se registava ao intervalo perdurou durante os 90 minutos.
No Grupo B, do FC Porto, o Liverpool levou a melhor sobre o AC Milan, num jogo feito de avanços e recuos. Os “reds” marcaram cedo em Anfield, por Alexander-Arnold, podiam ter chegado ao 2-0 aos 16’ (Salah falhou um penálti) e viram os italianos dar a volta ao marcador em dois minutos: aos 42’ marcou Ante Rebic, aos 44’ marcou Brahim Díaz.
Mas as reviravoltas não ficariam por aqui. No reatamento, Salah redimiu-se aos 49’ e empatou o encontro, 20 minutos antes de Jordan Henderson ter recolocado o Liverpool na frente, assegurando os três pontos e a liderança isolada do agrupamento à equipa britânica.
Triunfo descoberto no banco
Real Madrid ou Inter Milão na liderança, Shakthar Donetsk num eventual terceiro lugar e Sheriff Tiraspol numa quase inevitável última posição. À partida, terão sido estas as contas feitas na projecção do Grupo D. Mas os moldavos do Sheriff podem ter baralhado este exercício académico, graças a um surpreendente triunfo sobre o Shakhtar Donetsk (2-0).
Em Tiraspol, o Sheriff montou um plano de jogo que concedia a iniciativa a um Shakthar mais capaz e apostava nas transições rápidas para tentar fazer mossa. Não é de estranhar, por isso, que os ucranianos tenham terminado a partida com 68% de posse de bola, 21 remates ou 17 cantos.
O Sheriff não se mostrou desconfortável com o controlo do adversário. Num 4x3x3 composto por jogadores de oito nacionalidades (e nenhum moldavo), a equipa anfitriã tirou o máximo rendimento das abordagens ofensivas que obteve e do último passe do lateral esquerdo Cristiano, providencial nos dois golos.
O primeiro surgiu ainda na primeira parte, aos 16’, da autoria de Adama Traoré. Não, não é o poderoso atacante que representa o Wolverhampton, mas também é extremo: nasceu no Mali, fez escola no futebol francês e foi contratado ao Metz no início do ano. Na área, após excelente cruzamento de Cristiano, finalizou em vólei, de primeira, e fez o primeiro golo da história do Sheriff na fase de grupos da Champions.
O segundo ficou guardado para o ponta-de-lança guineense Yansane, que sete minutos depois de entrar em campo aproveitou nova assistência de Cristiano para fazer o 2-0. Estava confirmada a surpresa e era preciso continuar a suster as investidas do Shakhtar. A muralha moldava manteve-se intacta e só se desmontou para celebrar os primeiros três pontos na competição, passíveis de baralharem as contas de um grupo em que o jogo grande do dia só pendeu para um dos lados no último minuto.
Em Milão, o Inter-Real Madrid foi bastante equilibrado e foi preciso Carlo Ancelotti recorrer ao banco para resolver a questão: Camavinga foi a jogo aos 80’ para assistir Rodrygo, lançado aos 65’, para o golo do triunfo, aos 90’ (0-1). Um balde de água fria sobre a cabeça dos “nerazzurri”, que entraram em cena na Champions com zero pontos.