Jorge Sampaio. Um compositor de interesses
A década na Presidência não foi um caminho de rosas. Dois primeiros-ministros abandonaram o Governo, houve uma sucessão atípica à frente do executivo e ocorreu a dissolução do Parlamento com uma maioria desgastada por dentro. Na liderança do PS, na Câmara de Lisboa e em Belém, um homem cujos tempos de decisão lhe valeram o epíteto de “hesitante” surpreendeu tudo e todos. A começar pelo partido de que ostentou o cartão de militante 102.279. Foi agregador de vontades com um grupo de fiéis que resistiu ao tempo.
Na manhã de 16 de Junho de 1997, o jornalista Iñaki Gabilondo vive uma experiência inesquecível. Pivot do magazine Hoy por Hoy, da Cadena SER, Gabilondo está em Lisboa a um ano da inauguração da Expo para entrevistas e reportagens. A conversa com o Presidente da República é na sua residência particular. À hora aprazada, toca à porta de um rés-do-chão da Rua Padre António Vieira. Estranhou a ausência da parafernália de segurança, mas é com enorme surpresa que constata que quem lhe abre a porta é Jorge Sampaio. Um dos mais reputados comunicadores de Espanha vai recordar durante anos o episódio: o Presidente abriu-lhe a porta.
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