Rui Moreira pede desculpa pelo modo “intolerável” como foi comunicada a abertura da Extensão do Romantismo

Oposição criticou o presidente da Câmara do Porto por ter transformado o ex-Museu Romântico numa “galeria de arte” e quer ouvir Comissão de Coordenação acerca de eventual “desperdício” de fundos comunitários.

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O presidente da Câmara do Porto pediu esta segunda-feira desculpa pela forma “intolerável” e “soberba” como foi comunicada a abertura da Extensão do Romantismo, ex-Museu Romântico, reiterando, perante as críticas da oposição, que “nada foi destruído”.

“Queria pedir desculpa pela forma como foi comunicada a abertura desta exposição que está a decorrer na Extensão do Romantismo, porque considero que a forma como ela foi feita é absolutamente intolerável e é de uma enorme soberba. Não me conformo e peço desculpa, porque sou responsável pela câmara e pelo pelouro e acho que a comunicação foi absolutamente desastrada, provocatória”, afirmou Rui Moreira, quando confrontado pela vereadora do PS, Odete Patrício, na reunião do executivo.

Numa intervenção, no período antes da ordem do dia, a socialista acusou o independente de fazer “desaparecer” um activo da cidade, transformando-o numa “galeria de arte”, lamentou que a reformulação do Museu Romântico não tenha sido alvo de discussão na Câmara, e questionou que esta tenha ocorrido “escassos três anos” após o espaço ter sofrido obras de requalificação financiadas por fundos comunitários.

“É o desperdício de um activo importante na cidade, é o desperdício de uma verba significativa (cerca de 500 mil euros) que foi aplicada há pouco tempo para a sua requalificação (2018), é o desperdício histórico, é o desperdício patrimonial: tudo o que está ligado a esta decisão unilateral da câmara, não discutida com ninguém, é, de facto, um desperdício para a cidade”, disse a vereadora, que mostrou interesse em conhecer a opinião da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), a quem foi apresentada a candidatura. 

CCDR-N está a analisar

O PÚBLICO perguntou à CCDR-N se previa tomar alguma iniciativa, tendo recebido uma breve declaração a confirmar que o assunto está a ser avaliado: “A CCDR-Norte, enquanto autoridade de gestão do Norte 2020, encontra-se a analisar os eventuais impactos sobre a atribuição de financiamento comunitário à requalificação do Museu Romântico do Porto, nos termos regulamentares.”

Reafirmando a sua confiança no director artístico do Museu da Cidade do Porto, Nuno Faria, Rui Moreira explicou que quando da primeira intervenção, em 2018, o Museu encontrava-se na “penúria”, tendo sido alvo de uma intervenção infra-estrutural e de requalificação da exposição permanente. À data, também houve uma reinterpretação da exposição e da museografia que gerou críticas, explicou.

Dirigindo-se aos vereadores da oposição, o autarca avançou que a intenção do executivo é ter exposições temporárias que exaltem o romantismo no Porto. Sublinhando que nenhum do património retirado do ex-Museu Romântico foi perdido, e que essas peças “poderão rodar lá e noutros locais”, Rui Moreira anunciou que a próxima exposição, que está a ser programada para daqui a seis meses, vai abordar “os tecidos, os papéis e os trajes da época, alguns dos quais estavam lá em exibição, outros não”.

Já a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, começou por criticar a falta de diálogo em torno desta reconfiguração, sem a audição dos vereadores do executivo e do Conselho Municipal de Cultura, que, assegurou, não foi ouvido em concreto “sobre esta matéria”. A vereadora criticou ainda a forma como foi comunicada à cidade “uma mudança tão brusca” e defendeu que podia ter sido equacionado um “diálogo” entre “o mais antigo e o mais actual”, algo que, defendeu, deve ser ponderado no futuro.

Também o social-democrata Álvaro Almeida considerou que houve um “erro de comunicação” e defendeu a reposição da ideia do Museu Romântico. “O que me parece fundamental é que se reponha os princípios do Museu Romântico, ainda que com variações”, disse.

A Extensão do Romantismo do Museu da Cidade do Porto, antigo Museu Romântico, reabriu portas em 28 de Agosto, com o Herbário de Júlio Dinis, numa homenagem ao escritor portuense, este ano figura central da Feira do Livro, tendo desde então estado no centro de uma acesa polémica, que incluiu o lançamento de uma petição a exigir a reposição do espólio do Museu Romântico do Porto que contava esta segunda-feira à tarde com mais de 3500 subscritores.