O Euro 2020 doeu, mas Portugal já sarou feridas destas no passado
Além de mais um jogo de qualificação para o Mundial 2022, frente à República da Irlanda, Portugal tem nesta quarta-feira a possibilidade de ver Cristiano Ronaldo tornar-se o melhor marcador de sempre em selecções nacionais. Só falta um golo para ter um trono só seu, deixando Ali Daei para trás.
Portugal disputa nesta quarta-feira (19h45) o primeiro jogo após a desilusão no Euro 2020. Frente à República da Irlanda, na qualificação para o Mundial 2022, a selecção nacional terá de mostrar que as feridas de ter deixado de ser campeã da Europa já sararam. E este é um processo de “cura” que a equipa já fez no passado.
Foi esta a ideia deixada pelo seleccionador, Fernando Santos, remetendo esta retoma pós-Euro 2020 para aquela que foi necessário fazer após a desilusão no Mundial 2018. Na altura, Portugal embalou para a conquista da Liga das Nações.
“No Europeu fizemos coisas bem e coisas menos bem, mas é evidente que não cumprimos o nosso objectivo. Mas já o Mundial 2018 tinha corrido menos bem e os jogadores reagiram para conquistarem a Liga das Nações”, apontou nesta terça-feira, na conferência de imprensa de antevisão do jogo frente à Irlanda.
Este foi um encontro com jornalistas sem grande desconforto para o seleccionador, que recusou falar da possível chamada de Matheus Nunes e recusou até detalhar em que posição considera que Pedro Gonçalves pode ser mais útil. “A posição dele é estar à disposição da selecção”, disparou.
Mas sobre a Irlanda houve detalhes, nomeadamente sobre a mudança de uma equipa de jogo aéreo para mais confortável em construção desde trás. “Ultimamente, o treinador tem tentado que a equipa tente sair a jogar desde trás, em posse. Antes era mais bola na frente, mas ele está a tentar alterar isso”, avançou, sobre a mudança na ideia de jogo.
Tal como destacou o seleccionador, e ao contrário do que apontou Rui Patrício, esta já não é uma equipa de jogo aéreo. Os dados desta fase de qualificação dizem que a Irlanda surge praticamente a meio da tabela em duelos aéreos, pouco acima de Portugal.
“Trono” de Ronaldo à vista
Mas há um traço que pode dar indicações do que será este jogo: entre as 55 equipas da zona europeia de qualificação, a Irlanda é a terceira com mais faltas por jogo (17), apenas superada por Andorra e Estónia. Será, dizem os números do Who Scored, um jogo para Ronaldo tentar melhorar a sua baixa percentagem de acerto em livres-directos.
E por falar em Ronaldo, Fernando Santos não quer nem ouvir falar de recordes individuais – há, isso sim, uma Irlanda para abater. Mas não há como fugir: Ronaldo está a um só golo de ser o maior goleador de sempre em selecções nacionais.
Os 109 do iraniano Ali Daei já estão alcançados, pelo que o português, que iniciou uma nova aventura em Manchester, só precisa de marcar um golo à Irlanda para ter um trono só seu.
Para lá chegar, Ronaldo não terá de superar jogadores de topo como Damien Duff, Shay Given ou os “Keanes”, Robbie e Roy, mas a Irlanda actual tem vários jogadores da Liga inglesa. É, por estes dias, a selecção de Seamus Coleman, Robbie Brady, Matt Doherty ou Shane Long.
Mas estes jogadores não chegam. Prova disso é que esta equipa vem de uma traumática e muito badalada derrota caseira frente ao Luxemburgo, equipa em claro desenvolvimento, mas com valor teoricamente inferior ao dos irlandeses, que falharam o Mundial 2018 e o Euro 2020.
Fernando Santos não teve, portanto, pudor em apontar que o melhor Portugal frente à melhor Irlanda dará vitória nacional. “Com maior ou menor dificuldade acredito que Portugal vai ganhar. Mesmo que a Irlanda esteja no seu melhor, se estivermos ao nosso melhor nível existe um desequilíbrio e vamos poder dar a volta a isso”.