Corrupção em Moçambique: filho do ex-Presidente diz que não tinha relação com arguidos dos serviços secretos
Armando Ndambi Guebuza também negou conhecer o projecto da Privinvest que deu origem ao maior caso de corrupção da história de Moçambique.
Ao segundo dia do seu interrogatório no julgamento do processo das dívidas ocultas, Armando Ndambi Guebuza, filho do ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza, negou ter qualquer relação com os arguidos do processo que trabalhavam nos serviços secreto. E até negou conhecer o projecto de protecção da Zona Económica Exclusiva de Moçambique que esteve na origem, segundo o Ministério Público do maior escândalo de corrupção da história do país, que deixou um rombo de 2,7 mil milhões de dólares (2,2 milhões de euros) nos cofres públicos.
Questionado sobre se conhecia pessoalmente Gregório Leão, ex-director-geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), António Carlos do Rosário, ex-director da informação económica da instituição, António Carlos do Rosário, e Cipriano Mutota, ex-diretor de Estudos e Projetos, Cipriano Mutota, a resposta de Ndambi Guebuza foi taxativa: “Não”.
“Acredito que a primeira vez que conversei com ele [Gregório Leão] foi agora que estamos presos no Língamo [estabelecimento prisional na província de Maputo]”, declarou o filho mais velho de Armando Guebuza.
Sobre o projecto de protecção marítima, o arguido referiu que a primeira vez que ouviu falar dele foi pela comunicação social, quando o escândalo rebentou, em 2016.
Ndambi Guebuza também disse não ter relação com quaisquer dos outros 18 arguidos do processo, à excepção do seu amigo pessoal Bruno Langa.
Acusado pelo MP de ter recebido 33 milhões de dólares para promover o projecto junto do pai, na altura Presidente de Moçambique, Ndambi Guebuza reiterou que não moveu influências junto do pai para fazer aprovar o projecto da empresa de estaleiros navais Privinvest, com sede em Abu Dhabi.
Devido à complexidade do processo, ao facto de os interrogatórios estarem a tardar mais do que inicialmente previsto, bem como à necessidade de tentar chamar a depor Jean Boustani, o libanês dono da Abu Dhabi Mar que fez a proposta de negócio, o juiz Efigénio Batista decidiu prolongar o julgamento até Novembro, quando inicialmente o cronograma indicava o seu final em Outubro.