Há uma forma de reduzir quase para metade os resíduos lá de casa e ajudar o planeta ─ começar a fazer compostagem. Se não sabe como, já existe a primeira escola de compostagem gratuita que ensina tudo o que precisa saber sobre os diferentes métodos de valorização dos biorresíduos. A Escola A Compostar é uma iniciativa promovida pela associação Zero Waste Lab, a empresa Mudatuga e a Hortas Lx, com financiamento do Fundo Ambiental da Presidência da República. São 500 vagas para oito turmas a começar até Outubro. “É bem simples de fazer”, promete a co-fundadora do projecto, Carolina Bianchi.
A escola A Compostar vai funcionar num regime híbrido, com quatro aulas virtuais e uma sessão presencial, em Lisboa. Os participantes vão começar por aprender sobre lixo zero, economia circular e hábitos sustentáveis dentro de casa com a Zero Waste Lab. A segunda sessão será dedicada à compostagem termofílica, “a base teórica para qualquer tipo de compostagem”, explica Carolina Bianchi ao PÚBLICO. Nas duas aulas seguintes, os temas serão a compostagem com recurso a minhocas e a bokashi, um adubo orgânico.
No final das quatro aulas virtuais, a turma irá reunir-se em Lisboa para uma sessão prática, onde além de experimentar o compostor, poderá aprender o que fazer com o composto, para “fechar o ciclo”, como começar uma pequena horta em casa, com a ajuda da Hortas Lx. “Tentamos democratizar ao máximo para que estes comportamentos se tornem prática do quotidiano para todos nós e sejam fáceis, em vez de grandes desafios”, sublinha Maria Cristina Sousa, da Zero Waste Lab.
Não é “um desafio constante"
Esse carácter de “desafio” é o que impede muitos de começaram a fazer compostagem. “Há a grande preocupação dos odores, como posso gerir isto em casa, vou ter imensos bichos” são alguns dos receios mais comuns, enumera a co-fundadora da Zero Waste Lab, que, garante, é “um erro pensar assim”. E acrescenta: “O nosso objectivo é desmistificar estas ideias erradas, do desafio constante. Não temos de ser quase activistas o dia inteiro.”
Ao começar a fazer compostagem, “é muito fácil reduzir quase metade do nosso lixo”, por que “os biorresíduos representam quase 40% daquilo que está dentro de um saco de lixo de uma família média”, assinala Maria Cristina Sousa. A ambientalista reconhece que as pessoas têm procurado fazer a diferença, sobretudo porque, durante o último ano, onde se passou mais tempo em casa do que nunca, foram sendo confrontadas com o lixo que acumulavam.
Para começar a fazer compostagem não é preciso um grande investimento inicial, assegura Carolina Bianchi. Os compostores podem ser construídos com materiais reutilizados e, para quem quer usar as minhocas, estas podem ser pedidas de forma gratuita, através do mapa colaborativo da Mudatuga. Na escola A Compostar serão ensinados os dois métodos mais indicados para quem vive em apartamento, o das minhocas e o bokashi, o que ocupa menos espaço e funciona por fermentação, através de um farelo com mais de 80 espécies de fungos e bactérias, explica a empresária.
Todos os conteúdos do curso ficarão disponíveis, de forma também gratuita, numa plataforma online, que incluirá também um fórum de discussão, para que os participantes troquem experiências e esclareçam dúvidas. Ainda que que a sessão presencial decorra em Lisboa, Maria Cristina Sousa e Carolina Bianchi sublinham que o curso está disponível para todo o país e deixam em aberto a possibilidade de reproduzir o formato noutras cidades, no futuro.
As inscrições estão abertas e podem ser feitas através do site www.escolaacompostar.pt/. A partir dos 16 anos, qualquer um se pode inscrever neste projecto de educação ambiental, que se pode, até, tornar um passatempo para toda a família.