Santander: Sindicatos contestam despedimentos e ameaçam com greve do sector
Mais Sindicato, SBN e SBC contestam ameaça de rescisões unilaterais de 350 trabalhadores no Santander.
Os três sindicatos bancários afectos à UGT, o Mais Sindicato, o Sindicato dos Bancários do Norte e o Sindicato dos Bancários do Centro, garantem que “lutarão até às últimas consequências em defesa dos sócios, o que além da denúncia e pedido de actuação a diversas instituições públicas poderá abranger uma greve nacional do sector”.
Em causa, o anúncio do Banco Santander de que vai avançar para a rescisão unilateral com os 350 trabalhadores que não aceitaram as saídas por mútuo acordo. No entanto, o processo, que poderá culminar num despedimento colectivo, ainda está numa fase inicial, uma vez que a instituição adiantou que foi “esta sexta-feira solicitado, nos termos legais, o parecer à Comissão Nacional de Trabalhadores que antecede a aplicação de medidas unilaterais de diminuição do número de trabalhadores” da instituição. O processo de total de rescisões, nesta fase, abrange 685 trabalhadores.
“Estudaremos políticas concertadas de luta e reivindicação sindical, sem colocar de parte nenhuma medida, nomeadamente a convocação de uma greve geral do sector”, anunciam em comunicado as três estruturas sindicais, onde também se lê que “a banca foi longe demais. Declarou guerra aos trabalhadores e aos seus sindicatos – e terá uma resposta como nunca viu… ou imaginou”.
Em relação ao Santander, os sindicatos adiantam que já solicitaram, “com carácter de urgência”, uma reunião com a administração do banco, para perceber o alcance das medidas anunciadas.
Avançam, no entanto, que apresentarão “à Autoridade para as Condições do Trabalho, à Procuradoria-Geral da República e à Provedoria de Justiça um pedido de análise sobre a postura do Banco Santander ao longo deste processo, denunciando, do mesmo passo, uma política de assédio e de discriminação, passível de investigação e condenação, dando conhecimento da mesma ao Ministério do Trabalho, para que actue em conformidade”.
“Não consideramos estarem reunidas, em nenhum caso, sublinhamos, as condições legais para qualquer despedimento colectivo na banca, nomeadamente ‘despedimentos’ feitos à medida, com processos prévios de negociação, assentes na pressão do próprio despedimento”, refere o comunicado.
Em nota interna, a administração do Santander referia ainda que “o processo unilateral e formal que se seguirá incidirá apenas sobre os colaboradores abrangidos no Plano de Reestruturação que entenderam não chegar a acordo com o banco, e será iniciado nos primeiros dias de Setembro”.
No caso do BCP, que tem em curso um processo de reestruturação que prevê a rescisão de até mil trabalhadores, o número oficial de rescisões por mútuo acordo ainda não foi divulgado, mas o PÚBLICO sabe que cerca de 300 trabalhadores ter-se-ão recusado a sair do banco. No caso da instituição liderada por Miguel Maya, o processo tem sido mais transparente, com este gestor a assumir, no Parlamento, que o passo seguinte será o despedimento colectivo.
No Santander, desde finais do ano passado já saíram cerca de 600 trabalhadores, o que, juntamente com o actual processo de redução de mais 685 pessoas, colocará o número de saídas até ao final do ano acima dos 1200 colaboradores.