Um festival numa pedreira da Serra de Aire e Candeeiros? É o Stone Art
Stone Art arranca esta quinta-feira e termina a 29 de Agosto, convidando artistas urbanos, pintores e escultores a intervir numa pedreira do Codaçal. “Queremos fazer algo como nunca se viu antes em Portugal: um evento que junta pintura e escultura em pedreiras, em contexto rural.”
Duas dezenas de pintores e escultores participam na primeira edição do festival Stone Art, que promove a criação artística numa pedreira do Codaçal, lugar do concelho de Porto de Mós, distrito de Leiria, território das serras de Aire e Candeeiros.
O festival que liga a indústria extractiva e as artes plásticas arranca esta quinta-feira com uma visita guiada aos artistas pelo cenário do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC). A partir de sexta-feira, é possível acompanhar a evolução das criações que vão nascer numa pedreira existente no Codaçal, freguesia de Serro Ventoso.
“Queremos fazer algo como nunca se viu antes em Portugal: um evento que junta pintura e escultura em pedreiras, em contexto rural. Os artistas vão pintar na pedra e também em paredes de casas do Codaçal”, explica o presidente da Junta de Freguesia de Serro Ventoso, um dos parceiros da organização, a par da Câmara de Porto de Mós, da Associação das Empresas Portuguesas de Recursos Minerais (Assimagra) “e de todo sector da extracção, que na freguesia representa dez empresas”, sublinha Carlos Cordeiro.
“O festival serve também para mostrar que conseguimos fazer coisas interessantes, não é só extrair pedra. Queremos juntar economia e turismo. Sou apologista de que todos conseguimos conviver bem”, explica.
O Stone Art desenvolve-se numa aldeia onde hoje vivem apenas seis pessoas, “todas com mais de 80 anos”, frisa o autarca. “Há 50 anos havia 60 pessoas no Codaçal. Agora, só vivem três casais. Há alguns lugares a desaparecer como este. Os Censos mostram aqui um decréscimo de 12,5%. É muito. Esta é uma forma de dar vida, de pormos a freguesia no mapa e de chamar pessoas a vir aqui, ajudando o comércio local. Acredito que virá muita gente para ver o festival”, afirma Carlos Cordeiro.
Os artistas vão trabalhar até dia 29, enquadrados pela paisagem das pedreiras e do PNSAC, e com a natureza e a história da pedra como tema, avança o presidente da junta. Algumas intervenções terão uma escala considerável. “Vamos ter pinturas de seis metros de altura por dez de largura”.
Devido a questões de segurança, o festival acontece à porta de uma das pedreiras. “Há um plano de pedreira que é preciso respeitar”, diz Carlos Cordeiro, admitindo, em futuras edições do festival, a utilização de pedreiras abandonadas. “Pode criar-se um ecoparque, onde os artistas pintem nas próprias pedreiras”, antecipa o responsável pela organização, acreditando que o Stone Art tem pernas para andar, não só no PNSAC, “mas onde quer que existem pedreiras, em Borba, Estremoz, Vila Real ou noutros sítios”.
A pintura mural estará entregue a Asur, Jorge Charrua, LS, 2CarryOn e ao espanhol Werens. Para o trabalho de escultura foram convidados Basílio, Nuno Bettencourt, Sandra Borges, o italiano Alessandro Canu e a espanhola Noemí Palacios. O graffiti fica a cargo de Acer, Ayer, Eko, Dish, Johnny Double C, Kayro197, Mike Stone, Observ, Trauma e Trip. O festival termina dia 29, com concerto da fadista Fábia Rebordão.