Covid-19: China pede que investigação sobre origem do vírus se alargue a outros países
Governo chinês apontou a teoria de que o v´rius pode ter chegado ao mercado de Huanan, em Wuhan, através “de alimentos congelados importados”. Imprensa chinesa lançou esta semana uma ofensiva em grande escala a relacionar países como Espanha, Itália, França ou Estados Unidos à origem da covid-19.
A China insistiu esta sexta-feira que a investigação sobre a origem da covid-19 deve ser alargada a outros países, reiterando que a teoria de que o vírus vazou de um laboratório de Wuhan é “extremamente improvável”.
“Nenhum país tem o direito de colocar os seus interesses políticos à frente da ciência”, apontou o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Ma Zhaxou, em conferência de imprensa. Ma reagiu assim à pressão dos Estados Unidos para que o Instituto de Virologia de Wuhan seja investigado.
O relatório da primeira missão da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Wuhan, publicado em Abril, apontou quatro possíveis origens, ressalvando que a de um acidente de laboratório era a menos provável.
No entanto, a própria OMS passou nas últimas semanas a dar maior destaque àquela possibilidade. A organização pediu “espaço” para continuar a sua investigação após a China ter recusado que a próxima fase da investigação se realize no seu território. “Todas as partes devem respeitar esse estudo, incluindo a própria OMS”, repreendeu Ma.
O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também pediu à China “para que seja transparente e aberta” e forneça “dados brutos sobre os primeiros dias da pandemia”. Pequim negou repetidamente que tenha retido informações ou limitado o trabalho dos cientistas da OMS que viajaram para Wuhan.
O chefe da equipa de especialistas chineses que investigaram a origem do novo coronavírus, Liang Wannian, indicou que a “próxima fase das investigações deve ser realizada em outros países”.
Liang apontou a teoria de que o vírus pode ter chegado ao mercado Huanan, em Wuhan, onde o primeiro surto de covid-19 foi detectado, “através de alimentos congelados importados”.
A imprensa oficial chinesa lançou uma ofensiva em grande escala, esta semana, a relacionar outros países com a origem da covid-19, incluindo Espanha, Itália, França ou Estados Unidos.
“Se não quisermos abandonar essa teoria do laboratório, devemos também investigar outros centros, como [o laboratório do exército norte-americano] Fort Detrick, mas acreditamos que o relatório da OMS, que considera uma fuga altamente improvável, deve ser respeitado”, disse Ma.
A imprensa chinesa chegou a citar um biólogo suíço chamado Wilson Edwards, que denunciou a politização da pandemia contra a China, mas que a embaixada Suíça na China disse não existir.
As notícias da imprensa estatal chinesa citaram a conta de Edwards na rede social Facebook, entretanto excluída, na qual o biólogo inexistente criticou os EUA e a OMS por pressionarem a China a permitir uma investigação mais aprofundada ao laboratório em Wuhan.
As críticas de Ma e a ofensiva da imprensa estatal surgem quase três meses depois de o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ter ordenado que os serviços de inteligência do país investiguem a origem da pandemia, depois de garantir que vários investigadores do Instituto de Virologia de Wuhan adoeceram em Novembro de 2019.