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Damian Warner, o quarto superatleta a superar a prova dos nove

Canadiano conquistou o ouro no decatlo com 9018 pontos, completando um palmarés já de respeito.

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Reuters/ALEKSANDRA SZMIGIEL

Roman Sebrle, Ashton Eaton, Kevin Mayer e, desde esta quinta-feira, Damian Warner. É muito restrito o núcleo dos superatletas que ultrapassaram a ambiciosa barreira dos 9000 pontos na prova do decatlo nos Jogos. Graças a uma competição tremendamente regular, que dominou praticamente do início ao fim, o canadiano entregou ao país, de bandeja, o primeiro título olímpico na especialidade.

“Quando eu estava no sexto ano [de escolaridade] fiz um trabalho em que dizia que queria ser atleta olímpico. Quem diria que eu haveria mesmo de ganhar uma medalha de ouro olímpica?”, comentou Warner no final de uma prova que se traduziu num recorde olímpico (9018 pontos) e que coroou dois dias de um esforço permanente e multidisciplinar.

No Estádio Olímpico de Tóquio, o calendário do decatlo arrancou com as provas de velocidade (100m e 400m) e três disciplinas técnicas (salto em comprimento, lançamento do peso e salto em altura), ficando reservados para o segundo dia os lançamento do disco, do dardo, os 110m barreiras e o salto com vara.

Com três presenças olímpicas no currículo, Warner, de 31 anos, chegou ao derradeiro evento da competição, os 1500 metros, no primeiro lugar, a posição que ocupava praticamente desde o início. O francês Kevin Mayer aproveitou a corrida para subir uns degraus e atacar a medalha de prata (8726 pontos), enquanto o bronze ainda era disputado pelo australiano Ashley Moloney, o norte-americano Garrett Scantling e o canadiano Pierce Lepage. Moloney levou a melhor na luta pelo último lugar do pódio (8649), enquanto o quinto posto na última prova chegou e sobrou para Warner assegurar o título.

“Eu tinha a estratégia definida, sabia onde deveria estar e, quando chegámos aos 1200 metros, estava três segundos fora do tempo [previsto]. Nessa altura pensei: ‘Se quiser chegar aos 9000 pontos, tenho de atacar agora’. Dei tudo o que tinha. Não foi bonito, mas concluí o trabalho”, descreveu o campeão Pan-Americano de 2015 e 2019.

Particularmente forte nas provas de velocidade — detém as melhores marcas no decatlo nos 100m e nos 110m barreiras, com 10,12s e 13,27s —, Warner começou por experimentar o futebol e o basquetebol no desporto escolar, mas rapidamente a sua polivalência foi canalizada para a mais completa disciplina do atletismo. Aos 20 anos, ganhou a medalha de prata nos campeonatos do Canadá e, daí em diante, registou progressivas melhorias nas competências e resultados a condizer.

Quando chegou a Tóquio, para além dos títulos pan-americanos, apresentava na folha de serviço uma medalha de bronze nos Jogos do Rio 2016, outras duas de bronze e uma de prata nos Mundiais (2013, 2015 e 2019), uma de ouro nos Jogos da Commonwealth (2014) e outra de prata nos Mundiais de pista coberta (2018). Aquele sorriso no final da prova, no Japão, logo que a pontuação final surgiu no ecrã, era o sorriso de um homem completo.

“Tenho muita confiança em mim. No Rio 2016, quando terminei em terceiro, estava contente por estar no pódio mas desapontado por ter falhado o ouro. E usei essa experiência para a performance que consegui nos últimos dias”, resumiu.

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