Investigação conclui que governador de Nova Iorque assediou 11 mulheres
Inquérito independente revelou que Andrew Cuomo agiu sem o consentimento das mulheres, a quem abraçou, beijou, apalpou e fez comentários impróprios.
Uma investigação de cinco meses chegou à conclusão que o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, assediou sexualmente várias mulheres, violando a lei federal e do estado e criando um “clima de medo” na sua administração, avançou a procuradora-geral Letitia James esta terça-feira.
O inquérito independente revelou que Cuomo agiu sem o consentimento das mulheres: abraçou, beijou, apalpou e fez comentários impróprios a um total de 11 mulheres, disse Letitia James. A procuradora-geral acrescentou que o gabinete do governador se tornara um “local de trabalho tóxico” que permitia a ocorrência de assédio.
As descobertas, detalhadas num relatório de 168 páginas, pode ser um golpe no futuro político de Cuomo e prejudicar a sua administração, apesar de ser um inquérito civil e não levar directamente a acusações criminais contra o governador.
“Estas 11 mulheres estavam num ambiente de trabalho tóxico e hostil. Devíamos acreditar nestas mulheres”, disse James, do Partido Democrata, o mesmo de Cuomo. “O que esta investigação revelou foi um padrão perturbador de comportamentos do governador do grande estado de Nova Iorque”, acrescentou a procuradora-geral.
Não houve comentários imediatos da administração do governador. Cuomo, de 63 anos, nega as acusações.
Carl Heastie, porta-voz da assembleia de Nova Iorque, de maioria democrática, que autorizou uma investigação de impeachment sobre a conduta de Cuomo, descreveu as descobertas do relatório como “perturbadoras” e disse que mostravam alguém que “não é apto para o cargo”.
A equipa de investigação falou com 179 pessoas, incluindo litigantes e antigos e actuais membros do executivo, disse James. A procuradora-geral continuou que a investigação revelou uma “imagem clara” do que apelidou de “clima de medo”, no qual Cuomo assediou sexualmente várias mulheres, muitas delas mais novas.
Letitia James abriu a investigação sobre as alegações depois de ter recebido um pedido formal da administração de Cuomo a 1 de Março para avançar com o inquérito, à medida que as acusações divulgadas publicamente aumentavam.
James nomeou duas pessoas externas para liderar a investigação: Joon Kim, antigo procurador federal e advogado em Manhattan, e Anne Clark, advogada especializada em direito laboral e com experiência em casos de assédio sexual.
Kim adiantou que o local de trabalho de Cuomo “era dominado por bullying, medo e intimidação”, onde entrar em confronto com o governador ou com alguns funcionários significava ser “posto de parte ou pior”.
O relatório mostra que as explicações de Cuomo não foram credíveis. Refere ainda que os “desmentidos gerais e a falta de memória quanto aos eventos específicos contrastavam com a firmeza, especificidade e corroboração das recordações das litigantes”.
Foi uma rápida queda em desgraçada para o governador. Cuomo tornou-se popular a nível nacional no ano passado, nos primeiros momentos da pandemia de covid-19, ao agir de maneira decidida em contraste com o então Presidente Donald Trump e mostrar-se como figura de referência nas conferências de imprensa diárias. As acusações de assédio sexual surgiram depois de os democratas de Nova Iorque terem acusado Cuomo de governar através da intimidação.
Cuomo, divorciado e pai de três filhas adultas, foi eleito para três mandatos enquanto governador, tal como o seu pai, Mario Cuomo. E à semelhança do pai, Andrew Cuomo resistiu à tentação de concorrer à presidência dos EUA, apesar da especulação sobre as suas eventuais ambições nacionais.