Vila Franca de Xira protesta contra fecho de agências bancárias no concelho

Autarcas denunciam decisões que deixam vila de Forte da Casa, com 13 mil habitantes, sem bancos. Moradores marcam concentração de protesto para quinta-feira.

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Bancos passam a ter os balcões concentrados na Póvoa de Santa Iria Rui Gaudencio

A União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e do Forte da Casa, a mais populosa do concelho de Vila Franca de Xira, vai perder três das suas agências bancárias nos próximos dias. Câmara e Junta da União de Freguesias consideram esta situação “absolutamente incompreensível” e prometem fazer todas as diligências possíveis para tentar “inverter” a decisão de encerramento destes balcões do Banco Santander-Totta, do Novo Banco e do Montepio Geral. A mais afectada é a vila do Forte da Casa, com cerca de 13 mil habitantes, que, a confirmar-se o fecho da agência do Montepio, ficará sem qualquer balcão bancário. Um grupo de moradores está a organizar uma acção de protesto para quinta-feira, junto ao Montepio do Forte da Casa, que funciona à beira do troço local da Estrada Nacional 10.

Segundo um levantamento da Câmara de Vila Franca de Xira, nos últimos sete anos são pelo menos doze os casos de fecho definitivo de agências bancárias no concelho, a que se juntam mais dois balcões que reduziram o funcionamento e os horários a “serviços mínimos”. O autarca socialista Alberto Mesquita, que não concorre nas próximas autárquicas, considera que estas decisões são “tomadas com critérios meramente economicistas” e “demonstram total desprezo” pelas populações afectadas.

O edil lamenta que “graves erros de gestão cometidos” em instituições bancárias obriguem os portugueses a contribuir com muitos milhares de milhões de euros para bancos que, depois, tomam decisões “inaceitáveis” que afectam sobretudo a população residente mais idosa e os cidadãos sem acesso a meios tecnológicos. “Esta União de Freguesias continua em crescimento demográfico, com uma população de 40 905 pessoas (Censos 2021). Existem aqui centenas de empresas. A continuidade destes balcões está plenamente justificada, quer por razões populacionais, quer por razões económicas”, sustenta.

O presidente da Câmara, que já escreveu aos três bancos que anunciaram o fecho de balcões, promete tentar recorrer também à Associação Portuguesa de Bancos, ao Banco de Portugal e ao Governo. “Estes três encerramentos, que se sucedem quase em simultâneo, acontecem estranhamente nos meses em que a esmagadora maioria das pessoas se encontra de férias”, prossegue, considerando que há uma tentativa de aproveitar a ausência das pessoas para concretizar estas medidas.

No mesmo sentido vai a posição de Jorge Ribeiro, presidente da Junta da União de Freguesias da Póvoa e do Forte (também não concorre nas próximas autárquicas), que lamentou que instituições que ao longo dos anos acumularam lucros “de um momento para o outro deixem as pessoas sem possibilidades de acesso aos seus balcões” e que “tomem decisões de uma forma absolutamente cega, desprezando as pessoas”.

Com o encerramento destes três balcões, a União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e do Forte da Casa ficará reduzida a quatro agências bancárias, todas instaladas na cidade da Póvoa de Santa Iria. A vila do Forte da Casa (sede de freguesia durante cerca de 20 anos, até ser agregada à Póvoa em 2015), que já teve quatro balcões bancários e contabiliza cerca de 13 mil habitantes, deverá ficar, agora, sem qualquer agência.

Vários moradores protestaram quando se aperceberam da conferência de imprensa promovida pelos presidentes da Câmara de Vila Franca e da Junta da Póvoa e do Forte, considerando que estas iniciativas já vêm tarde e deveriam ter sido tomadas antes do anúncio do fecho dos três balcões. “Temos uma vila com mais de 13 mil habitantes e vamos ficar sem nenhum banco. Não é forma de tratar as pessoas”, criticou uma moradora, apelando à participação na concentração de protesto agendada para quinta-feira junto ao Montepio do Forte da Casa, que está a ser convocada nas redes sociais.

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