Calções ou biquíni no andebol de praia feminino? A federação não comenta
Federação de Andebol de Portugal recusa-se a comentar a controvérsia sobre a proibição do uso de calções imposta à selecção norueguesa no Europeu da modalidade.
Por que motivo não podem as jogadoras de andebol de praia usar calções mais compridos, ao invés do habitual biquíni? O debate instalou-se quando, no passado domingo, a equipa feminina da Noruega se recusou a jogar diante da selecção de Espanha com a parte de baixo do biquíni no Campeonato da Europa da modalidade, que decorreu em Varna, na Bulgária.
A equipa nórdica propôs jogar de calções, pedido que foi recusado pela Federação Europeia de andebol. Ainda assim, a formação norueguesa compareceu no jogo equipada da forma como sugeriu, sujeitando-se às multas com que a entidade organizadora da prova ameaçou as norueguesas.
Portugal também marcou presença na competição (terminou em quinto), mas da parte da Federação de Andebol de Portugal (FAP) não houve qualquer comentário à polémica. O PÚBLICO contactou a FAP, mas o presidente, Miguel Laranjeiro, recusou-se a fazer qualquer declaração.
Multa de 1500 euros
O gesto das norueguesas, no jogo em que disputavam a medalha de bronze contra a equipa espanhola, valeu-lhes uma multa de 1500 euros aplicada pela Federação Europeia de Andebol, que considerou que as roupas usadas foram “impróprias”.
“No jogo de atribuição da medalha de bronze contra a Espanha no domingo, a equipa da Noruega jogou com calções que não estão de acordo com os Regulamentos de Uniforme de Atletas definidos nas Regras do Jogo de Andebol de Praia [da Federação Internacional de Andebol]”, podia ler-se no comunicado da organização.
Ao jornal norte-americano The Washington Post, Kare Geir Lio, presidente da Federação de Andebol da Noruega, referiu que muitas das jogadoras consideram que o equipamento permitido não é o mais apropriado para quem pratica a modalidade, uma vez que esta exige vários movimentos atléticos. Kare Geir Lio admitiu também que o próprio biquíni utilizado é um motivo que torna difícil o recrutamento de atletas para o andebol de praia.
De acordo com o regulamento da Federação Internacional de Andebol, as atletas devem usar a parte de baixo do biquíni “justo e um corte num ângulo para cima em direcção ao topo da perna. A largura lateral deve ser de no máximo 10 centímetros”.
The Norwegian beach volleyball girls wanted to play in these shorts instead of in bikini bottoms which they found too revealing but were threatened by the EC tournament organizer with fines if they wore anything covering more than 10cm of their butts pic.twitter.com/LHSxXz91CM
— Tradia (@amalieskram) July 15, 2021
A equipa norueguesa já havia pensado em manifestar o seu desagrado em relação ao regulamento logo no início da competição, mas, segundo a chefe da Federação de Andebol da Noruega, a equipa acabou por desistir da ideia quando a Federação Europeia de Andebol a informou que poderia ser desclassificada ou até multada. Este facto foi, no entanto, desmentido pela organização.
“A Federação Europeia estava ciente do pedido da Federação Norueguesa de Andebol e esta foi posteriormente informada da lista de penalizações. No entanto, uma potencial desqualificação não foi mencionada e não foi uma opção”, disse Thomas Schöneich, porta-voz da Federação Europeia de Andebol, em declarações ao jornal inglês.
A selecção norueguesa viria a perder o jogo diante da Espanha, mas o debate foi lançado.