Covid-19. Vacinas da Janssen investigadas depois de episódios de desmaios podem voltar a ser administradas

Vacinas pertencentes ao lote que foi suspenso podem agora voltar a ser administradas nos centros de vacinação. Infarmed diz que não foi detectado nenhum “defeito de qualidade” nem foram reportados outros casos de reacções adversas.

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Rui Gaudêncio

O Infarmed deu, na tarde desta quinta-feira, luz verde ao lote de vacinas da Janssen (do grupo Johnson & Johnson) cuja administração tinha sido suspensa e estava a ser investigado por causa da ocorrência de episódios de desmaios. Em comunicado, a autoridade do medicamento diz que, na sequência das investigações, não foi detectado qualquer defeito de qualidade e que fica assim “revogada a decisão de suspensão de utilização”.

As vacinas pertencentes a este lote que foram distribuídas por vários locais podem agora voltar a ser administradas nos centros de vacinação “tendo em conta as condições de conservação previstas no resumo das características do medicamento desta vacina”.

“No âmbito da investigação iniciada na sequência desta situação, o Infarmed recolheu amostras de todos os lotes da vacina covid-19 da Janssen que se encontravam no circuito de distribuição, tendo procedido à sua análise laboratorial”, lê-se na nota desta quinta-feira.

A autoridade do medicamento diz ainda que não foram reportados, até à data, suspeitas de defeito de qualidade deste lote noutros centros de vacinação e que os restantes lotes presentes actualmente no circuito de distribuição estão “em conformidade”. Além disso, não foram registados mais casos de reacções adversas nas cerca de 20 mil pessoas que receberam vacinas deste lote até 14 de Julho.

O lote foi ainda distribuído em todos os estados-membros da União Europeia, não tendo a autoridade do medicamento portuguesa recebido qualquer relato de suspeita de defeito. “É importante reafirmar que a vacina da Janssen, como as restantes vacinas contra a covid-19 autorizadas na União Europeia, são seguras e eficazes. O Infarmed reitera que a vacinação é a intervenção de saúde pública mais efectiva para reduzir o número de casos de doença grave e morte originados por esta pandemia”, lê-se ainda na nota.

Vinte jovens desmaiaram depois de vacinados

Na quarta-feira à noite, o Infarmed comunicou que decidiu abrir uma investigação e suspender a administração de um lote de vacinas da Janssen no centro de vacinação de Mafra por terem sido detectados “casos de reacções adversas”, mais concretamente desmaios.

As alegadas reacções adversas terão ocorrido na quarta-feira, por volta da hora de almoço, em 20 jovens com cerca de 20 anos, que desmaiaram após a toma da vacina, segundo confirmou fonte do Infarmed à RTP. A mesma fonte disse ainda ter-se tratado de uma síncope breve e que os jovens recuperaram a consciência no próprio local. Ao PÚBLICO, o Infarmed não confirmou o número exacto de casos registados nem a faixa etária em causa.

Em comunicado, a autoridade do medicamento explicava que foram notificados casos de síncope (perda de consciência súbita e breve, seguida de restabelecimento espontâneo) depois da administração da vacina da Janssen, mas garantia que “não foram reportados, até à presente data, suspeitas de defeito de qualidade deste lote noutros centros de vacinação em que o mesmo está a ser utilizado”.

“O Infarmed decidiu dar início a um processo de investigação da qualidade das unidades remanescentes da vacina naquele local de vacinação, assim como suspender este lote até as devidas averiguações estarem concluídas”, lia-se ainda no comunicado.

Como precisou ao PÚBLICO uma fonte do Infarmed, vários frascos do mesmo lote tinham seguido para outros centros de vacinação, onde foram administrados sem registo de qualquer reacção adversa. O mais provável é ter havido algum erro na conservação ou no transporte daqueles fracos, que deixaram de ser administrados, enquanto decorria a respectiva investigação.

Esta quinta-feira, e segundo o Ministério da Saúde, Portugal Continental ultrapassou a marca das dez milhões de doses de vacinas contra a covid-19 administradas à população. Cerca de seis milhões correspondem a primeiras doses e cerca de quatro milhões a pessoas com o esquema vacinal completo.

De acordo com o comunicado da tutela, cerca de 95% da população com mais de 50 anos residente no continente já tem uma dose da vacina e 85% tem a vacinação completa. “Importa ainda salientar que, da população adulta residente no continente, 74% já tem uma dose da vacina e 55% tem o esquema vacinal completo”, lê-se na nota.

Notícia actualizada: o Infarmed já deu luz verde ao uso do lote em questão.

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