Mau tempo faz pelo menos 58 mortos na Alemanha
Fortes chuvas na Alemanha, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo levaram rios a transbordarem e provocaram inundações repentinas. Há dezenas de pessoas ainda desaparecidas.
Pelo menos 66 pessoas morreram na Europa nos últimos dois dias depois do mau tempo causar inundações, cheias e desabamentos na Alemanha, Países Baixos, Bélgica e Luxemburgo. Fortes chuvas durante a semana levaram rios a transbordarem, provocando inundações repentinas que foram agravadas pela incapacidade do solo absorver mais água. Na Alemanha, há para já 58 mortes a lamentar, enquanto na Bélgica foram contabilizadas oito mortes.
Na cidade de Leverkusen, na Alemanha, 400 pessoas tiveram de ser evacuadas de um hospital, mas as operações de busca e salvamento não têm sido fáceis com várias estradas cortadas e falhas nas comunicações móveis. Há dezenas de pessoas ainda desaparecidas.
Peritos em meteorologia dizem que não há precedentes para a quantidade de chuva que atingiu a região nas últimas 24 horas, sob um sistema de baixa pressão atmosférica.
“As alterações climáticas chegaram à Alemanha”, reagiu a ministra do Ambiente do país, Svenja Schulze, numa publicação no Twitter. É uma frase que tem repetido nos últimos meses. “Os acontecimentos mostram a força com que as consequências das alterações climáticas podem afectar-nos a todos e a importância de nos prepararmos ainda melhor para tais eventos”, justifica Schulze, expressando condolências a todas as pessoas que perderam os seus familiares e casas.
O nível de chuva a atingir a região não é habitual para esta época do ano. “No Verão, algo como isto é absolutamente invulgar em termos de superfície e intensidade”, confirmou Bernd Mehlig, responsável pelo serviço de informação sobre inundações do gabinete do Estado para a Natureza da região de Renânia do Norte-Vestefália, em declarações à estação de televisão alemã WDR.
Com 58 vítimas mortais, a Alemanha é um dos países mais atingidos pelas tempestades recentes, com helicópteros a socorrer pessoas que subiram até aos telhados das suas casas em busca de segurança. O Exército alemão enviou mais de 200 soldados para ajudar a limpar as ruas mais afectadas pelas inundações.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já se prontificou a ajudar. Os países afectados podem recorrer ao mecanismo europeu de protecção civil, uma bolsa de meios disponibilizada pelos Estados-membros da União Europeia que permite que outros peçam ajuda em caso de necessidade, por exemplo, incêndios ou cheia. “A União Europeia está pronta a ajudar”, partilhou Von der Leyen num comunicado publicado no Twitter. “Os meus pensamentos estão com as famílias das vítimas das cheias devastadoras na Bélgica, Alemanha, Luxemburgo e Países Baixos e com aqueles que perderam as suas casas”.
A chanceler alemã Angela Merkel também já ofereceu as suas condolências às famílias das vítimas, numa declaração partilhada pelo porta-voz do governo Steffen Seibert. “Agradeço aos muitos ajudantes incansáveis e aos serviços de emergência do fundo do meu coração”, lê-se na mensagem.
Na Bélgica, onde morreram oito pessoas, cerca de dez casas desabaram na região de Pepinster, depois do rio Vesdre inundar a zona leste da cidade, com mais de mil casas evacuadas. Na região de Eifel, uma cadeia montanhosa que atravessa a zona oeste da Alemanha e uma pequena parte do leste da Bélgica, 70 pessoas foram dadas como desaparecidas depois de várias casas desabarem durante a noite.
O tráfego no rio Meuse, que passa pela Bélgica, França e Países Baixos, foi suspenso e todos os serviços de comboios de alta velocidade Thalys, para a Alemanha, foram cancelados.
A extensão total dos estragos ainda não é clara. Muitas zonas continuam inacessíveis devido às cheias, com vídeos nas redes sociais a mostrarem carros a boiar nas ruas.
Os serviços de meteorologia prevêem a continuação de chuva na região noroeste da Alemanha até pelo menos sexta-feira. Na Bélgica, os alertas de mau tempo permaneceram activos até ao final do dia de quinta-feira.