Costa e Silva alerta para riscos na execução do Plano de Recuperação e Resiliência
António Costa e Silva diz que a demora a responder aos projectos, a complicação do licenciamento e da carga burocrática podem comprometer o plano. “A maneira mais importante para se implementar este programa é gerar confiança”, diz.
O presidente da Comissão de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), António Costa e Silva, defendeu esta sexta-feira que o país corre o risco de não executar o plano, se não se agilizarem processos e burocracia.
“Estou convicto que se nós adoptarmos o mesmo modelo [do passado], se demorarmos oito, 10, 15 meses a responder aos projectos que são apresentados, se não simplificarmos o licenciamento, se a carga burocrática, que hoje existe, ainda for acrescida; nós não vamos conseguir executar este plano”, afirmou.
Costa e Silva falava na Covilhã, distrito de Castelo Branco, durante o 1º Encontro de Trabalho - Visão Estratégica para a Beira Interior 2030, iniciativa organizada pela Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB), Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA) e pelo Movimento Empresários P"la Subsistência do Interior, com o objectivo de encontrar propostas concretas e exequíveis que permitam convergir a região (ao nível económico, social e demográfico) com o resto do país.
Convidado especial da sessão, o gestor que esteve na base da visão Estratégica 2020-2030, defendeu que o PRR é uma “oportunidade significativa”, mas também chamou a atenção para o facto de o país ainda ter 10 mil milhões de euros para executar dos fundos comunitários do programa Portugal 2020.
Lembrando que ao valor do PRR se junta ainda a verba do novo quadro financeiro plurianual, António Costa e Silva disse que todos se devem “mobilizar e articular” para que os recursos possam ser aplicados da forma “mais reprodutiva possível”.
“A maneira mais importante para se implementar este programa é gerar confiança”, acrescentou.
Assumiu ainda a importância de se o Governo ter acolhido a sugestão de fazer um portal da transparência, onde os fundos e as taxas de execução serão reportados e os critérios explicados.
Ressalvando que não tem funções executivas ao nível da gestão do PRR, Costa e Silva explicou que tem tentado sensibilizar o Governo para que a necessidade de descentralizar o modelo de operacionalização do PRR, associando ao processo os órgãos regionais e locais, comissões de coordenação e desenvolvimento e regional e empresas.
A questão dos prazos foi também uma das preocupações apresentadas nesta sessão pelo presidente da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, Luís Tadeu, que lembrou que “há muito pouco tempo” para executar projectos.
“Que os prazos de análises não se percam por teias imensas de “pergunta agora e pergunta a seguir” que nunca mais chegam ao fim”, apelou.
Luís Tadeu defendeu ainda a importância de os avisos de candidaturas serem “claros e inequívocos” quanto ao que é pretendido, de modo a que empresas, autarquias e todos os interessados possam apresentar candidaturas.
Portugal foi o primeiro Estado-membro a entregar formalmente em Bruxelas o seu PRR, tendo sido também o primeiro a ter aval da Comissão Europeia, em 16 de Junho passado.
O Plano de Recuperação e Resiliência prevê reformas e investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização no valor de 16,6 mil milhões de euros, dos quais 13,9 mil milhões de euros dizem respeito a subvenções a fundo perdido.
O período de execução é até 2026, estando previsto um conjunto de reformas e investimentos para alavancar o crescimento económico.