As Doce são as mulheres portuguesas dos anos 1980 numa encruzilhada
Sonhadoras, profissionais, contraditórias, fruto e vencedoras de um sistema de homens, a girl band da década deu por si numa encruzilhada: à saída da ditadura, em plena mudança de mentalidades e do feminismo, num país cheio de aspirações e de atribulações. É uma história das mil e uma noites cujo filme, Bem Bom, se estreia esta quinta-feira.
Quais são as suas memórias das Doce? Estão num televisor na Eurovisão ou no Festival da Canção, quais mosqueteiras das lantejoulas ou odaliscas do escândalo? São, décadas depois, recordações do musicar quotidiano que as mantém na rádio no ar com a chuva a cair ou reminiscências de uma festa portuguesa, com certeza, de uma noite de Bem Bom no século XXI? Ou são quatro mulheres na capa de um disco em vestidos tigresa, o Big Bang que foi o primeiro single de um projecto musical que ia marcar um país em mudança como só podia acontecer nos anos 1980 pós-ditadura? Com excesso, rupturas, tensões, imagens fortes e uma certa ausência de filtros que era tanto um desejo incontrolável de festa quanto medo de que a alegria esfuziante de quatro mulheres levasse o sexo longe demais.
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