Hong Kong detém nove suspeitos de terrorismo, incluindo seis estudantes de liceu

Detidos planeariam colocar explosivos em diversos pontos do território. Carrie Lam defende que as autoridades têm de impedir que as “ideias ilegais cheguem ao público”.

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A polícia revistou muitas das pessoas que decidiram homenagear o homem que esfaqueou um agentes antes de se suicidar, no aniversário do regresso de Hong Kong à autoridade da China TYRONE SIU/Reuters

As “ideologias” põem a segurança nacional em risco, disse esta terça-feira a chefe do executivo de Hong Kong, apelando a pais, professores e líderes religiosos para observarem o comportamento dos adolescentes e reportarem às autoridades quando estes violarem a lei. Enquanto Carrie Lam falava, na sua conferência de imprensa semanal, a polícia do território semi-autónomo anunciava a detenção de nove pessoas por suspeitas de actividades terroristas

Os detidos têm entre 15 e 39 anos: para além de seis alunos do secundário, há um professor e um funcionário de uma universidade no grupo. A operação permitiu apreender triperóxido de triacetona (TATP) no quarto de uma pensão que a polícia descreve como laboratório para fabricar bombas que seriam colocadas em túneis, linhas de comboios, tribunais e caixotes do livro – este explosivo já foi usado em ataques de extremistas em Israel ou Londres. Foram ainda congelados mais de 65 mil euros e apreendido dinheiro.

Segundo as autoridades, este grupo (que se chamava “Returning Valiant”) alugava há um mês o quarto de hotel no bairro comercial de Tsim Sha Tsui. “Havia uma boa divisão de trabalho entre os que foram presos. Alguns forneciam dinheiro. Outros eram cientistas”, disse aos jornalistas o superintendente Steve Li. Membros do grupo teriam recrutado estudantes do ensino secundário que planeavam deixar Hong Kong.

“Durante muito tempo, os cidadãos foram expostos a ideias erradas, como a de conseguir obter justiça por meios ilegais”, defendeu Carrie Lam. A dirigente afirmou-se consternada face aos residentes que lamentaram a morte do homem de 50 anos que esfaqueou um polícia antes de se suicidar no dia 1 de Julho, aniversário da transferência da antiga colónia britânica para a governação da China, que este ano coincidiu com o centenário do Partido Comunista Chinês.

A polícia descreveu o esfaqueamento do polícia de 28 anos como “terrorista”, com base em informações que terão sido recolhidas do computador do atacante – na sexta-feira, muitos habitantes de Hong Kong, incluindo famílias com crianças, foram deixar flores no local do ataque, numa homenagem improvisada.

“Não procurem desculpas para justificar a violência”, pediu Lam, alertando para mensagens que circulam online a responsabilizar o governo pela violência no território e para slogans como “não há violência, só tirania”.

A cidade tem vivido sob tensão desde os protestos pró-democráticos que começaram em 2019, onde muitos pediam a responsabilização das autoridades pelo que descreviam como violência da polícia.

Mais de 10 mil pessoas foram detidas na repressão que se seguiu e que culminou na aprovação da polémica lei de segurança nacional, em Junho de 2020, pelo Parlamento chinês, ao mesmo tempo que se introduziam alterações no sistema político para diminuir a participação de críticos e afastar todos os que forem considerados “desleais” a Pequim. A nova lei tem sido usada para deter opositores, jornalistas e activistas, acusados de porem em risco a segurança nacional.

Os departamentos do governo “não devem permitir que ideias ilegais cheguem ao público através da educação, de emissões televisivas, da arte e da cultura que embelezam a violência e obscurecem a consciência”, defendeu ainda Lam. O governo anunciou recentemente o alargamento da autoridade da sua comissão de censura, que passará a censurar todos os filmes nacionais e estrangeiros.

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