Na história da música popular o vocalista dos Doors surge como um “espírito livre”, um hitchhiker misterioso e hedonista. Sabemos tudo isso — e parecemos permitir que estes detalhes se sobreponham à sua obra. Ao brilhante repertório que os Doors compuseram em apenas cinco anos. Às ocasionalmente interventivas e políticas letras de um homem que não era um “rebel without a cause”. Às suas aspirações literárias.
A antologia The Collected Works of Jim Morrison completa então o retrato. Além de compilar a obra literária de um vocalista que sempre quis ser visto como poeta, divulga materiais interessantíssimos, apontamentos e os versos do diário que escreveu em Paris, onde viria a morrer, que dão pistas sobre os últimos dias de um homem elevado a mito apressadamente.
Daniel Dias e Mário Lopes encarregam-se do homem Morrison e do mito Rei Lagarto
A dimensão mitológica de José Cardoso Pires é também o assunto da biografia que lhe dedica Bruno Vieira Amaral.
Inventor de pessoas e não de heróis, perfeccionista da palavra, ouvido apurado para as histórias, Cardoso Pires é um dos nomes maiores das letras em português. Quando a sua obra está quase esquecida, sai Integrado Marginal, que o recupera como referência literária e que é também retrato de um certo mundo português no século XX. É trabalho sério, obrigatório para se entender um país no seu tempo. Isabel Lucas conversa com o biógrafo.
Ainda livros, Dias e Dias: a escrita de Adília Lopes atravessando e arrebatando várias origens e instalando um sincretismo singularíssimo.
Terçolho é uma das mais completas exposições de João Maria Gusmão + Pedro Paiva e o momento da separação da dupla iniciada em 2001. Filmes, instalações, esculturas e desenhos, mapeiam um universo artístico em busca de uma primeira visão de uma imagem (no Museu de Serralves, até 7 de Novembro).
Agora que a dupla se separa, o que nos deixa esta obra de forte erudição, de insaciável apetite intelectual pela filosofia, literatura, arte, estética, e uma mestria técnica? José Marmeleira procurou respostas.