José Cardoso Pires: o homem boémio, o escritor monástico
Inventor de pessoas e não de heróis, perfeccionista da palavra, ouvido apurado para as histórias, José Cardoso Pires é um dos nomes maiores das letras em português. Quando a sua obra está quase esquecida, sai Integrado Marginal, biografia que o recupera como referência literária e que é também retrato de um certo mundo português no século XX. É trabalho sério de Bruno Vieira Amaral, o biógrafo, obrigatório para se entender um país no seu tempo.
O pensamento é de José Cardoso Pires, mas pode ajustar-se ao trabalho do seu biógrafo. “O balanço é muito importante. O difícil é o começo feliz. Toda a gente diz que a primeira frase é definitiva, seja a primeira frase de um romance ou de um poeta. Eu penso que é verdade. O trabalho criativo tem muito a ver com o assombro. Quando o trabalho começa bem, quando se tem sorte, é exactamente como os tipos da halterofilia. O indivíduo agarra num peso descomunal, todo concentrado, é claro que tem o direito de desconfiar que ele está a fazer teatro, ele pega naquilo, são pesos brutais, vai até à linha do ombro com determinado esforço, e depois faz o resto, que parece facílimo. O trabalho criativo é a mesma coisa: o que está antes é sempre mais difícil do que o que vem depois.”
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