Jorge Fonseca, mais um dia perfeito e mais uma dança
Atleta do Sporting tornou-se no primeiro judoca português bicampeão mundial, depois de derrotar Aleksandar Kukolj em Budapeste.
Jorge Fonseca já era o primeiro (e, até agora, único) português campeão mundial de judo e, a partir desta sexta-feira, é o primeiro português bicampeão, depois de ter derrotado o sérvio Aleksandar Kukolj na final de -100kg nos Mundiais que estão a decorrer em Budapeste. Depois de ter sido campeão há dois anos, no Budokan de Tóquio, Fonseca repetiu a dose na capital húngara, com uma sucessão de exibições dominantes no tatami que terminaram sempre em ippon (pontuação máxima do judo) e que são um testemunho das ambições do português no torneio olímpico de judo daqui a mês e meio, em Tóquio.
Menos de dois meses depois de um Europeu em Lisboa que não, lhe correu muito bem (foi sétimo), Fonseca teve um dia perfeito na capital húngara, deixando pelo caminho o uzbeque Muzaffarbek Turoboyev (45.º do ranking mundial), o canadiano Kyle Reyes (26.º), o georgiano Ília Sulamanidze (21.º) e o holandês Michael Korrel (3.º), antes da final onde iria ter pela frente um adversário que nunca defrontara – Kukojl fez quase toda a carreira numa categoria de peso inferior, -90kg, e só subiu para os -100kg em 2020.
O português foi igual a si próprio a partir do primeiro segundo. Perante um adversário bem mais alto que ele, Fonseca entrou ao ataque e remeteu Kukojl a um judo defensivo. O sérvio recebeu uma penalização por passividade, mas a sua estratégia de conter a entrada forte de Fonseca estava a resultar – Fonseca também recebeu uma penalização, por falso ataque. Antes dos dois minutos de combate, o português pontuou com waza-ari e, logo a seguir, ficou sem o treinador – o árbitro entendeu que Pedro Soares estava a comunicar com o seu judoca e deu-lhe ordem para ver o combate longe dali.
Na retoma do combate, Fonseca partiu para o ataque, com um kouchi gari sobre a perna direita de Kukolj e, aos 3m08s, levou-o ao tapete, garantindo mais um título mundial e um festejo que meteu braços no ar, mão no peito e uma pequena dança, que é uma das imagens de marca do judoca natural de São Tomé e Príncipe.
Dois títulos mundiais consecutivos dão a Fonseca, de 28 anos, um lugar entre os favoritos às medalhas no torneio olímpico em Tóquio e o seu ranking irá dar-lhe uma posição mais favorável no quadro. O português estará de regresso ao Budokan a 29 de Julho para competir com os melhores da categoria, depois de uma estreia olímpica discreta no Rio 2016 – foi eliminado logo na segunda ronda pelo checo Lukas Krapalek, que viria a ser campeão olímpico. E a medalha olímpica é a única que lhe falta na colecção, depois dos dois ouros em Mundiais e do bronze no Europeu de Praga em 2020.
O título de Fonseca foi a segunda posição de pódio alcançada por judocas portugueses no Mundial que termina neste domingo. Anri Egutidze conquistou a medalha de bronze em -81kg, derrotando no golden score o uzbeque Sharofiddin Boltaboev. Com estas duas medalhas, passaram a ser 13 as posições de pódio alcançadas por atletas portugueses em Mundiais. Telma Monteiro continua a ser a judoca portuguesa mais medalhada de sempre, com quatro pratas (2014, 2010, 2009 e 2007), e um bronze (2005).
Portugal ainda terá Rochelle Nunes a competir neste sábado, em +78kg. A judoca luso-brasileira, 11.ª do ranking mundial e duas vezes medalha de bronze em Europeus, irá ter como primeira adversária a vencedora do combate entre a bósnia Borjana Marjanac e a japonesa Wakaba Tomita.