Bryan Adams será o próximo fotógrafo do icónico calendário Pirelli para 2022, anunciou o próprio na rede social Twitter. A edição regressa assim em força depois de uma paragem forçada em 2021 em consequência da pandemia de covid-19.
O artista, que será o primeiro canadiano por detrás da lente na história da publicação, não conteve a sua emoção: “Orgulho-me de ter sido escolhido como o fotógrafo do calendário Pirelli 2022”, disse o músico à Reuters, acrescentando que “combinar fotografia e música para o The Cal (como também é conhecido) é muito entusiasmante e, naturalmente, contará com algumas pessoas extraordinárias”. “Estou empolgado”, confessou.
De momento, os detalhes da nova edição – elenco, conceito e local das sessões – continuam por revelar, mas, segundo uma mensagem deixada por Adams no Twitter, mais pormenores serão tornados públicos “ao longo deste Verão”, tendo adiantado à Reuters que “dentro de algumas semanas terão início as sessões fotográficas”. Até lá, já há uma lista de músicas, disponível no Spotify, que deverá inspirar o cantor durante o processo.
Proud to finally reveal that I’m the photographer for the 2022 Pirelli Calendar. More information on this exciting project to follow throughout the summer @Pirelli #PirelliCalendar #photobyadams pic.twitter.com/SMKmBb9Kvy
— Bryan Adams (@bryanadams) June 8, 2021
Em anos anteriores, o famoso calendário já contou com participações de grandes nomes da música, entre eles Bono e Patti Smith, no entanto, estes surgiam à frente da câmara.
Quanto a Adams, de 61 anos, este é o tipo de colaboração a que está habituado. O cantor já fotografou para publicações como a Vogue, a Vanity Fair, a GQ ou a Harper's Bazaar. Além disso, co-fundou, em 2003, a sua própria revista ligada ao mundo das artes, a Zoo, na qual participa como a pessoa por detrás da câmara em numerosas ocasiões. Como se não bastasse, o artista tem ainda na sua alçada diversos livros de fotografia, que foi lançando ao longo das últimas décadas, entre os quais American Women (2004), Exposed (2012), Wounded: The Legacy of War (2014) e Homeless (2019).
Tendo chegado à ribalta em 1980, Bryan Adams ficou conhecido pela sua música rock e sucessos como Summer of 69 ou (Everything I do) I do it for you, tendo já sido agraciado com dois Grammys e condecorado com a Ordem do Canadá, a mais alta condecoração civil do país, pela sua contribuição para a música. Na sua vida pessoal, é famoso pelo seu activismo na área dos direitos dos animais. O seu portefólio conta já com retratos de personalidades como Mick Jagger, Amy Winehouse e até a rainha Isabel II, entre muitas outras que teve oportunidade de fotografar ao longo do seu percurso.
O calendário Pirelli tornou-se conhecido pelas imagens provocadoras de modelos com pouco roupa, num estilo pin-up, e nos últimos anos tem feito um percurso de renovação. Para 2016, quebrou com a tradição e escolheu a célebre Annie Leibovitz para fotografar mulheres “inspiradoras” como Patti Smith, Yoko Ono, Serena Williams e Natalia Vodanova. No ano seguinte, reuniu 14 actrizes, dos 27 aos 71 anos, com o objectivo de desafiar os ideais de juventude de Hollywood, com o alemão Peter Lindbergh a assinar um manifesto contra a “invenção comercial” do “ideal de beleza”, e, em 2018, pela lente de Tim Walkem, reinterpretou o tema Alice no País das Maravilhas de uma forma inclusiva, trazendo para o centro da discussão a diversidade, contando para tal com nomes de peso, como Naomi Campbell, Whoopi Goldberg e Sean “Diddy” Combs.
Em 2019, foi a vez de o escocês Albert Watson contar histórias. “Não estava interessado em levar um grupo de modelos para a praia e que estas tirassem os tops. Parecia antiquado. Estava mais interessado em contar as histórias de quatro mulheres diferentes”, explicou, na altura, o fotógrafo, citado pelo New York Times, ao mesmo tempo que este jornal norte-americano escrevia que o calendário “finalmente mostra as mulheres como assuntos (subjects) em vez de objectos (objects)”.
Na última edição, de 2020, o fotógrafo italiano Paolo Roversi decidiu ir em busca da “Julieta que existe em todas as mulheres”. Para tal, chamou nomes grandes da indústria cinematográfica, como Claire Foy, Emma Watson, Kristen Stewart, Mia Goth, Yara Shahidi, mas também a modelo transgénero Indya Moore, as cantoras Chris Lee e Rosalía e a artista franco-italiana Stella Roversi, filha do fotógrafo e uma apaixonada por cinema e fotografia.
A pandemia obrigou à suspensão do número de 2021, mas não foi a primeira vez que o calendário não saiu à rua. No passado, a sua publicação foi suspensa, entre 1975 e 1983, por dificuldades económicas.