Corpo de bebé morto no Canal da Mancha encontrado na Noruega
Bebé de 15 meses estava desaparecido após naufrágio de barco em que ia com a família que tentava chegar ao Reino Unido.
O corpo de um bebé de 15 meses encontrado na Noruega é de um bebé desaparecido no ano passado depois de um naufrágio no Canal da Mancha, disse a polícia norueguesa, segundo a emissora britânica BBC.
O bebé, chamado Artin, estava com a família que tentava fazer a travessia por mar de França para o Reino Unido, em Outubro de 2020. Na altura a família, incluindo um tio, tinham ainda esperança de que pudesse ter sobrevivido.
A polícia da Noruega informou, esta segunda-feira, que os resultados de um teste de ADN mostraram que um corpo que fora encontrado no primeiro dia deste ano perto de Karmoy, no Sul do país, era de Artin.
A família foi informada e os restos mortais serão levados para o Irão, para que seja feito um funeral.
Além de Artin, morreram no naufrágio o pai, Rasoul Iran-Nejad, 35 anos, a mãe, Shiva Mohammad Panahi, também 35, e os filhos Anita, de nove, e Armin, de seis. Quinze outros migrantes ou refugiados estavam no mesmo barco e foram hospitalizados. Foi aberta uma investigação ao naufrágio pelo Ministério Público francês.
A família era da cidade de Sardasht, na parte ocidental do Irão, perto da fronteira com o Iraque – uma região onde há perseguição política e uma enorme disparidade económica, aponta a BBC. Todos os anos, milhares de refugiados curdos iranianos põem as suas vidas nas mãos dos traficantes que ganham a vida a levar pessoas, de modo ilegal e perigoso, para a Europa. Há entre de entre 25 e 35 milhões de curdos entre o Irão, Síria, Turquia e Arménia.
Um amigo de Rasoul, refugiado no Norte de França, disse à BBC na altura do naufrágio que a família tinha saído do Irão a 7 de Agosto em direcção à Turquia, de onde foi de ferry até Itália e de carro até França. Pagaram cerca de 24 mil euros aos traficantes, disse ainda o amigo.
A BBC diz ainda que a mãe, Shiva Mohammad Panahi, mandou mensagens escritas antes do dia reconhecendo o perigo da viagem, explicando que a família já não tinha dinheiro para pagar a viagem feita num camião.
O Governo britânico indicou a semana passada que este ano atravessaram o Canal da Mancha 3500 pessoas. O Executivo de Boris Johnson prometeu agir contra os traficantes que levam as pessoas a fazer as travessias, depois de mais de 8000 pessoas chegarem ao país por aquela rota no ano anterior.
Notícia corrigida às 15h50: corrigido o número de curdos a tentar chegar à Europa, são milhares e não 25 a 35 milhões, o número estimado da população total curda a viver entre vários países.