PCP pede que se cumpra a promessa de “creches gratuitas para crianças dos 1.º e 2.º escalões”

No Dia da Criança, mas a pensar no Orçamento, Jerónimo de Sousa pede a rápida aplicação do que foi acordo com o Governo para este ano: “a gratuitidade das creches” nos escalões mais baixos.

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Jerónimo de Sousa (PCP) LUSA/MÁRIO CRUZ

O PCP criticou nesta terça-feira as “lágrimas de crocodilo” dos partidos, do PS à direita, que se queixam da pobreza infantil ou do insucesso escolar, e depois não mudam a lei laboral, e insistiu na rede pública de creches.

A crítica foi lançada num encontro de fim de tarde, no Largo da Graça, em Lisboa, por Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, no Dia Internacional da Criança, sobre o “direito a ser criança - crescer saudável e feliz”, em que se ouviram testemunhos de pais, professores e psicólogos.

O líder dos comunistas ligou o bem-estar das crianças e das suas famílias às condições gerais “dos pais e das mães enquanto trabalhadores”, dos “serviços públicos a pensar nas crianças”, a começar pelos salários dignos e com estabilidade, com o aumento para 850 euros do salário mínimo nacional, aos horários estáveis e não desregulados.

“São direitos de todos os trabalhadores” com impacto na vida dos pais e das crianças, afirmou, o que levou Jerónimo a atirar, sem os nomear directamente, ao PS e aos partidos de direita, pela resistência em mexer no Código do Trabalho.

“Não adianta chorar lágrimas de crocodilo com a pobreza infantil, a baixa natalidade ou o insucesso escolar. É inaceitável que se culpem os pais - e em particular as mães - que se repitam discursos moralistas, sem intervir na legislação laboral, compactuando com a exploração e os baixos salários”, disse.

E mais à frente no discurso, a dezena e meia de dirigentes e militantes em frente ao coreto do Largo da Graça, o líder comunista disse que se deve ao PCP o facto de haver mais 19 mil bebés em creches devido a uma negociação no Orçamento do Estado de 2020, pedindo a rápida aplicação do que foi acordo com o Governo para este ano - “a gratuitidade das creches para todas as crianças dos 1.º e 2.º escalões”.

Antes, defendeu ser necessário “romper com os aparentes consensos em torno do apoio às famílias e à promoção da natalidade, que na prática se tem saldado no insucesso das políticas realizadas por Governos do PS, PSD e CDS”.

As soluções defendidas pelos comunistas, como “aumento e a universalidade dos abonos de família ou nas vagas “para todas as crianças a partir dos três anos no pré-escolar público”, são possíveis, segundo Jerónimo de Sousa.

“O Governo só não vai mais longe porque não quer”, concluiu.