Julian Barnes: “Se algum biógrafo me quiser biografar eu terei o poder de deixar pistas falsas”
Espanto, a surpresa, a curiosidade — por esta ordem — levaram Julian Barnes a escrever O Homem do Casaco Vermelho, biografia do médico Samuel Pozzi e biografia de uma época aparentemente feliz: a Belle Époque. É um livro sobre a dúvida, o tempo, a certeza da efemeridade da arte. A conversa com um dos grandes escritores da actualidade começa com a memória de uma cabeçada em Lisboa.
A conversa com um dos grandes escritores da actualidade começa com uma memória. Vaga quanto à data. “Terá sido em dois mil, isso sei”, diz o escritor, 75 anos. Foi em Lisboa, estava a promover Arthur & George, romance que se passa no fim do século XIX sobre um dilema moral que envolve Arthur Conan Doyle, o autor de Sherlock Holmes, e um solicitador lúgubre chamado George. Foi em 2007. “Talvez. Sei que parti a cabeça numa porta de vidro e que a minha mulher estava comigo”, continua, referindo-se à agente literária Pat Kavanagh (1940-2008) com quem esteve casado desde 1979. “Eu estava no último andar e depois de algumas entrevistas saí para apanhar um pouco de ar fresco e quando ia a entrar não vi que a porta estava fechada. Fui direito a ela e dei a entrevista seguinte com um saco de ervilhas congeladas na testa. Talvez não tenha sido consigo.”
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