Salvador Sobral: “Vim aqui para cantar, é o meu ofício, o meu talento, é a única coisa que eu sei fazer”
Chama-se bpm, ou seja, batimentos por minuto. Os da música e os do coração. Tinha outras ideias, mas a pandemia intrometeu-se. “Tive que fazer um disco para me distrair, para passar o tempo”, diz. Ei-lo então a editar o álbum em que, pela primeira vez, se revela verdadeiramente como autor.
Junto à porta de entrada, acima da aparelhagem, um cartaz de uma exposição dedicada à Geração Beat. De outra parede, somos olhados pelo rosto impossivelmente enrugado e o sorriso triste do Chet Baker dos seus últimos anos, vento no cabelo e estrada aberta em fundo. No outro canto da sala, um piano encostado à parede, uma bateria desmontada a repousar a seu lado. Numa madrugada de Agosto do ano passado, poucas horas depois de Salvador Sobral ter cantado Jacques Brel no Teatro Maria Matos, esta sala estava cheia. Mário Laginha, que tinha ido ver o concerto de Sobral dedicado ao grande cantor belga, tocava o piano. Silvia Pérez Cruz, a extraordinária cantora espanhola, que também saíra do Maria Matos para esta casa no bairro lisboeta da Ajuda, cantava. “Toda a gente a chorar aqui a ouvi-los”, sorri Salvador Sobral, divertido e enternecido com a memória do concerto caseiro inesperado.
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