As minhas viagens com Martin Scorsese e Nagisa Oshima

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Alexis DUCLOS/Gamma-Rapho via Getty Images

O mundo era outro, o cinéfilo recorria à imprensa, a suplementos e revistas, à biblioteca municipal, apanhava folhas de sala e catálogos com que se embrenhava nas histórias do cinema. Em 1995, percorrido o primeiro centenário de imagens em movimento, foram vários as filmografias que foram alvo de documentários que coligiram esse manancial, produzidos pelo British Film Institute e exibidos em Portugal na televisão pública. Em A Personal Journey With Martin Scorsese Through American Movies, o italo-americano estruturava o espólio de sonho de Hollywood na figura do realizador, nos seus dilemas e reputações, contadores de histórias, ilusionistas e contrabandistas, ou como iconoclastas, onde colocou Welles, Kazan ou Stroheim. As quase quatro horas de duração concedem proveito a dobrar, um documento sobre o cinema norte-americano, mas também um atlas do próprio Scorsese, das ascendências sobre a sua filmografia, onde se identifica o peso das personagens e paisagens dos westerns de Ford, dos planos-sequência nas paisagens inventadas em estúdio pelos musicais de Minnelli ou a descoberta pasmada pelo espectador do final de Duel in the Sun de King Vidor, Jennifer Jones e Gregory Peck abraçados na morte, um amor que apenas se resolve a tiro. O regalo do cinéfilo é apenas frustrado quando Scorsese suspende o inventário no fim dos 60s, por imperativo ético, quando ele e os camaradas — Coppola, Lucas, Friedkin, Spielberg, começaram a filmar. Na antecâmara da Nova Hollywood, o último clássico, John Cassavetes, espécie de irmão mais velho do italo-americano, em Faces (1968).

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