Dez membros de uma família, incluindo oito crianças, mortos em ataque israelita em Gaza. Sedes da Al-Jazeera e Associated Press bombardeadas

Israelitas bombardeiam sede da Al-Jazeera e da Associated Press na Faixa de Gaza. Ataque destruiu por completo a casa da família Abu Hatab, no campo de refugiados de Shati, no enclave palestiniano.

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O colapso da torre onde funciona a Al-Jazeera e a AP, na Cidade de Gaza MOHAMMED SALEM/Reuters
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Alguns dos rockets lançados pelo Hamas atingiram Ramat Gan, um subúrbio de Telavive NIR ELIAS/Reuters

Pelo menos oito crianças e duas mulheres, membros da família palestiniana Abu Hatab, foram mortas na última noite, numa casa no campo de refugiados de Shati, num de centenas de ataques das forças israelitas contra a Faixa de Gaza. No sentido contrário, o Hamas continuou a lançar rockets contra cidades israelitas – segundo o diário israelita Ha’aretz, estilhaços de um destes rockets atingiram um homem em Ramat Gan, um subúrbio de Televavive, que acabou por morrer dos ferimentos.

O campo de Shati foi atingido na quinta noite de bombardeamentos incessantes contra o enclave sitiado. “Isto é um verdadeiro massacre que não pode ser descrito”, disse à Al-Jazeera Nabil Abu al-Reesh, um médico que estava a tratar sobreviventes no hospital do campo. Os socorristas, explicou, continuavam a “tentar recuperar mais corpos e perceber quem é quem”.

Outras 15 pessoas, incluindo um bebé de alguns meses chamado Omar, ficaram feridas: segundo a agência de notícias palestiniana Safa, Omar será um dos sobreviventes da família Abu Hatab, e foi encontrado junto ao corpo da mãe.

De acordo com a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), Shati é o terceiro maior dos oito campos que existem da Faixa de Gaza, e um dos mais populosos, com mais de 85 mil refugiados palestinianos a viverem em pouco mais de meio quilómetro quadrado. A agência está “extremamente chocada e devastada” com as notícias do bombardeamento, disse Tamara Alrifai, porta-voz da UNRWA, citada pela Al-Jazeera. “Estamos angustiados com esse desenvolvimento, como estamos angustiados com toda a situação em Gaza e, na verdade, com toda a situação nos territórios palestinianos ocupados”, afirma.

Israel tem repetido que as suas forças não tomam civis como alvos, acusando o Hamas de se esconder entre a população, mas Alrifai desmente que esse fosse o caso em Shati ou em quaisquer campos ou instalações da ONU. “Isso é total desinformação, dizer que o Hamas se esconde em campos da ONU e afirmar que essa é a razão para atacar campos com uma alta densidade populacional ou para causar danos excessivos no quartel-general da UNRWA”, acusa. Entre terça e quarta-feira, duas escolas da agência e a sua sede em Gaza foram atingidas.

O Hamas reivindicou o ataque com rockets no centro de Israel como retaliação pela morte da família Abu Hatab. Segundo o Ha’retz, foram disparadas dezenas de rockets para a mesma zona, com o sistema Iron Dome de defesa aérea de Israel a interceptar a maioria. Mas para além do rocket que matou um israelita em Ramat Gan, cinco edifícios na mesma cidade ficaram danificados e pelo menos dois alvos na cidade vizinha de Giv'at Shmuel foram atingidos. Outro rocket caiu à entrada da localidade árabe israelita de Taibe, no Norte de Israel.

Com esta vítima em Ramat Gan, sobe para nove o número de israelitas mortos desde que Israel anunciou o início de uma operação contra o Hamas em Gaza, na segunda-feira. O movimento que governa o território lançara antes uma série de rockets em direcção a Jerusalém, cidade onde a polícia israelita tinha atacado nas noites anteriores milhares de fiéis palestinianos e entrado no complexo onde está a mesquita Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do islão, e na própria mesquita, fazendo centenas de feridos.

Em Gaza, de acordo com as autoridades de saúde locais, foram mortas até este sábado 140 pessoas, incluindo 39 crianças.

Já durante a tarde, as forças israelitas destruíram por completo um arranha-céus em Gaza onde funcionam vários órgãos de comunicação social, incluindo a televisão pan-árabe Al-Jazeera e a agência de notícias norte-americana Associated Press. O “aviso” israelita de que se preparava para bombardear o edifício chegou com uma hora de avanço, mas não terá sido suficiente para que os jornalistas retirassem dali o seu material.

Palestinianos já começaram a concentrar-se em vários pontos da Cisjordânia ocupada em protesto contra os ataques a Gaza, ao mesmo tempo que estão previstas manifestações em todo o mundo no dia em que se assinala a Nakba, a catástrofe, o dia a seguir à declaração de independência de Israel e à expulsão de centenas de milhares de palestinianos das suas terras, em 1948.

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