Vamos comer o Pico?
Registar o receituário tradicional, introduzir novas técnicas de confecção, formar gente na restauração e, no final, fazer da ilha da montanha um destino turístico por causa dos vinhos, da riqueza de produtos e de quem faz tudo isso – eis o projecto Património Gastronómico do Pico.
Sopa de funcho, molha de fígado ou molha dos bofes, feijão assado, sarapatel, torresmos de porco ou de albacora, sopa da cabeça, salsichas com canela, noz-moscada e cominhos, caranguejos fritos, erva-patinha salteada ou moreia de vinha d'alhos. Estes pratos, que se confeccionam em adegas e casas particulares, têm lugar nas ementas dos restaurantes da ilha do Pico? Não. E poderiam ter? Bom, a doutrina divide-se. Os empresários da restauração acham que os picarotos e os turistas não estão para aí virados. Já os chefs que chegam de fora, que se deslumbram com os vinhos, com o queijo, com a manteiga, com a carne de bovino IGP, com o receituário antigo da matança do porco, com a riqueza de peixe, com o alho das vinhas ou com o limão tangerino (ou limão galego), esses chefs juram que é possível adaptar essa riqueza gastronómica aos consumidores que têm hábitos alimentares diferentes daqueles que tinham os nossos pais e os avós. E é esta a tese que deu origem ao projecto Património Gastronómico da ilha do Pico.
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