Ilda Figueiredo volta a candidatar-se ao Porto com “projecto de cidade inclusiva”
A candidatura da actual vereadora da CDU na Câmara do Porto foi apresentada esta sexta-feira como a continuidade da “defesa da cidade e do seu património contra a especulação imobiliária”
Não foi bem uma apresentação, que Ilda Figueiredo já é bem conhecida no Porto e não é a primeira vez que se candidata à presidência da câmara, onde é vereadora, mas foi a oficialização pública da candidatura da economista e ex-eurodeputada pela CDU, que teve oportunidade de explicar as linhas de força do seu programa de acção.
Também Rui Sá, ex-vereador e líder da bancada da CDU na Assembleia Municipal do Porto, é repetente na corrida para este órgão municipal. A coligação PCP-PEV reforça, assim, a confiança nos actuais eleitos para prosseguir o trabalho desenvolvido no último mandato - “um caminho percorrido de intenso diálogo com a cidade na sua múltipla diversidade”, descreveu Ilda Figueiredo.
A dirigente comunista destacou a “necessidade de uma intervenção ainda mais empenhada na resposta prioritária e urgente aos problemas dos moradores especialmente atingidos pela crise sanitária, económica e social”, bem como de “concretização de um projecto de cidade inclusiva”. Para isso, defende, é necessário continuar e aprofundar “uma ligação estreita com os moradores e as organizações sociais”, nomeadamente associações e colectividades que “procuram colmatar deficiências de políticas públicas” em áreas como cultura, desporto ou ocupação de tempos livres.
Habitação e apoios sociais
A defesa dos interesses dos portuenses, quer “na zona histórica, com a sua carga milenar”, quer “noutras zonas mais periféricas onde os problemas e carências se arrastam de ano para ano” têm lugar cimeiro no programa comunista. A “habitação condigna” é uma das preocupações nucleares da candidata, que propõe a adopção de um modelo de “desenvolvimento urbano policêntrico”. Ilda Figueiredo foi especialmente crítica da “passividade da maioria municipal de Rui Moreira” face ao cenário de valorização e especulação imobiliária que, nos últimos anos, precipitou a saída de muitos residentes.
A candidata apontou ainda a urgência de uma acção mais musculada e integrada no apoio a áreas como cultura, desporto, ciência, investigação e inovação, lembrando “a mobilização que impediu a venda do Coliseu [do Porto] e a sua desfiguração”. O desmantelamento de valências sociais como creches e infantários que tem acontecido nos últimos anos, “com novas ameaças em Cedofeita e em outras zonas da cidade”, será outra das lutas em cima da mesa.
Também Rui Sá condenou aquilo a que chamou a “errada política de Rui Moreira de aposta na monocultura do turismo” e, face ao contexto socioeconómico fragilizado pela pandemia, alertou para um tempo, presente e futuro, que exige “eleitos com sensibilidade social” para propor políticas adequadas “em matéria habitacional e de apoios sociais”, a par de medidas que potenciem a “diversificação das actividades económicas na cidade”.
No encerramento da sessão, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, saudou os dois candidatos da coligação e sublinhou a sua postura de “permanente ligação aos problemas, pelo contacto quotidiano com as populações, os trabalhadores, as colectividades, as instituições e os comerciantes da cidade”. “São candidatos com provas dadas, candidatos em quem o Porto e a sua população podem inteiramente confiar.”