Paulinho lançou o Sporting para a festa
Triunfo por 1-0 sobre o Boavista garantiu o título dos “leões”, colocando um ponto final no longo jejum de 19 anos.
Não eram necessários aplausos pré-gravados no estádio vazio. Eram milhares a gritar de fora para dentro em Alvalade, todos a deixarem o maior grito de todos para o fim. E quando o desfecho mais esperado foi uma certeza, esse grito saiu. Depois de uma longa noite que durou 19 anos, o Sporting não quis esperar nem mais um dia e, na primeira oportunidade, fechou o seu regresso aos títulos de campeão. Não foi a vitória mais vistosa do mundo, mas cumpriu o seu propósito, o de soltar os tais gritos guardados há quase duas décadas.
Foi por 1-0 a vitória sobre o Boavista que fechou matematicamente o título dos “leões”, podia ter sido por bem mais, mas a incerteza durou até fim, como aconteceu em tantos jogos do Sporting nesta época. Talvez não pudesse ter sido de outra maneira. Os “leões” bem tentaram e aquele que marcou o golo que desconfinou o Sporting campeão foi também o mais perdulário. Paulinho, o jogador mais caro da história do clube, marcou o golo, falhou uma mão-cheia deles.
O Boavista não queria ser um mero convidado para a festa e fechou-se. O Sporting não queria adiar mais a festa e lançou-se para a frente. Nuno Santos mandou ao poste aos 5’, Paulinho cabeceou ao lado aos 11’, Pedro Gonçalves falhou por pouco a emenda aos 15’, João Mário atirou ao lado aos 17’, Nuno Mendes acertou no ferro aos 27’. Quatro bolas de golo que teriam tranquilizado os adeptos sportinguistas bem mais cedo, mas este jogo do título seria mesmo à imagem do que foi quase toda a época.
E aos 39’, o momento que irá ficar na história. João Mário construiu a jogada, Nuno Santos fez o cruzamento e Paulinho, perante a aproximação de um defesa do Boavista encostou para o 1-0, num remate indefensável para Leo Jardim. Quarto golo do ponta-de-lança minhoto desde que chegou a Alvalade, a valer cada um dos 16 milhões de euros que custou com este remate certeiro que iria valer um título. Mas ainda não o sabíamos.
E logo no minuto seguinte, os fantasmas de 19 anos e dos 18 anos do jejum anterior tentaram fazer uma aparição em Alvalade. Nuno Santos (o do Boavista) apareceu isolado na área teve tempo e espaço para rematar, mas Adán, já em queda para o lado contrário, ainda conseguiu lá chegar com a mão direita, e a fechar a baliza do Sporting como fez em tantos jogos ao longo da época.
Lá fora celebrava-se, no campo ainda não. Depois do intervalo, o Sporting voltou a lançar-me no ataque, mas a bola teimava em não voltar a entrar. E o Boavista, em modo desesperado com a permanência em risco (e continua assim), tentou aproveitar-se da ansiedade crescente do Sporting. Jesualdo Ferreira lançou gente para o ataque, mas não fez grande mossa. O principal adversário do Sporting nos últimos minutos era o próprio Sporting. Chegou-se aos 90’, passaram mais três e tudo acabou. Vieram os gritos, começou a festa. Foi um sofrimento controlado até ao último segundo. Não podia ser de outra maneira.