A narrativa dos calotes ao vivo no Parlamento
Na essência, Maia, Leão e Vieira são iguais: criaturas de uma cultura de impunidade, compadrio e facilitismo, exemplos de uma elite empresarial que considerava a ética, o trabalho ou a responsabilidade social para com os seus trabalhadores meras alíneas dos relatórios e contas
Em Setembro de 2020, Mariana Mortágua deixou um aviso no Parlamento que diz muito sobre a penúria ética, a indigência intelectual e a falta de vergonha dos homens de negócios que testemunham na comissão de inquérito ao Novo Banco: “Há limites para a retórica, até na Assembleia da República”, notou a deputada do Bloco de Esquerda. Infelizmente, o aviso, sendo sério, não foi seguido. As audições da comissão continuaram a mostrar a mesma falta de decoro, memória selectiva, a ocultação velhaca e até a pesporrência que fica mal aos que não cumprem as suas obrigações financeiras. Como provou Luis Filipe Vieira na sessão desta semana, ser-se caloteiro dispensa sentimento de culpa e humildade. Tornou-se tão natural como as entregas do Fundo de Resolução que, em nome dos contribuintes, os salvam.
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